Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“Atordoado, eu permaneço atento”


19/11/2015

Foto: autor desconhecido.

A frase colocada como título deste texto, pronunciada na música “Cálice” de Chico Buarque de Holanda, define bem o estado de pânico que vivemos hoje no mundo inteiro. Somos alcançados por uma sensação de vulnerabilidade e desamparo que produz medo, insegurança, intranqüilidade.

Estamos sendo bombardeados por um noticiário alarmante que nos atordoa e nos obriga a ficar atentos, observando os fatos na tentativa de compreende-los. O que não é fácil, porque os fatores geradores dessa crise estão além de nossas fronteiras, dificultando um perfeito entendimento dos motivos dessas ocorrências.

Sabemos que tudo nasce a partir de uma guerra religiosa deflagrada por fanáticos, mas que no fundo tem um forte componente de interesses políticos e econômicos. O terror propagado revela que o mundo é atacado por ideologias e pensamentos arcaicos e primitivos, contrariando todo e qualquer conceito de sensatez e respeito à vida humana.

Não consigo aceitar que se cometam crimes aos gritos de “Deus é grande”, “em nome de Alá”. O fundamento religioso é apenas uma desculpa. O objetivo que estimula as atrocidades que o Estado Islâmico vem cometendo, está alicerçado por causas outras bem distantes das convicções de doutrina religiosa.

O que fazer? Eis a pergunta que nos impõe a refletir. Como reagir a esse pesadelo? Como nos protegermos dos ataques violentos e execuções brutais desses extremistas do Oriente Médio? Essa é uma realidade que vem assustando o mundo. Se nos acovardarmos, eles nos dominam. Se ficarmos omissos, eles nos massacram sem pena.

Confesso que essa situação me deixa atônito. Mas embora “atordoados, devemos permanecer atentos”, só assim conseguiremos responder aos ataques com inteligência, fortalecidos para combater o inimigo. É hora de união dos que defendem a paz, a observância da ética e a valorização da vida. As divergências circunstanciais que possam existir, sob qualquer pretexto, não podem justificar essa ameaça à paz mundial. Precisamos contra atacar com as mesmas armas, alimentando a guerra? Eis o dilema. Que Deus nos abençoe. O nosso Deus, que é do bem, não o deles que estimula a prática de maldades.


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