Geral
“Andança”
11/02/2014
Foto: autor desconhecido.
A definição é da própria Beth Carvalho: “ANDANÇA é a canção dos românticos, dos saudosistas, dos amantes da noite e da boa música, é a canção”. Alcançou a terceira colocação no III Festival Internacional da Canção, em 1968. Composta por Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, foi defendida no certame pelos Golden Boys e Beth Carvalho.
“Vim, tanta areia andei/Da lua cheia eu sei/Uma saudade imensa”. O “eu lírico” numa voz feminina, fala do caminhar pela vida por causa de um amor. Ela chega após ter percorrido um longo caminho sobre a areia, onde os passos dados exigem um maior esforço. E, nesse seguir na direção desejada, contempla a lua cheia e sente a energia peculiar dos românticos, e um pulsar mais forte nas emoções de quem ama. É aí quando bate a saudade imensa.
“Vagando em verso eu vim/Vestido de cetim./Na mão direita, rosas/Vou levar”. A paixão inspira os amantes; transformando-os em poetas. Ao prosseguir sua caminhada já leva, “na mão direita”, as rosas que serão oferecidas como símbolo do seu amor. Uma espécie de repetida declaração do quanto está envolvida nesse encontro de almas.
“Olha a lua mansa… (me leva amor) /Se derramar/Ao luar descansa/Meu caminhar… (amor) /Meu olhar em festa (me leva amor) /Se fez feliz/Lembrando a seresta/Que um dia eu fiz… (por onde for quero ser seu par)”. A lua lança, mansamente, a sua luz na trilha em que está percorrendo. Desta forma que “o caminhar” torna-se menos fatigante, afasta o cansaço. E no brilho dos olhos a manifestação de alegria, contentamento, felicidade. A lembrança prazerosa da seresta que já fizera um dia em sua homenagem dá entusiasmo para prosseguir. E a todo instante ressoa a proclamação da sua vontade: “me leva amor”, porque seja qual for o rumo que almeje tomar, ela estará sempre ao seu lado como parceira, companheira, cúmplice.
“Já me fiz a guerra… me leva amor)/Por não saber/Que esta terra encerra meu bem-querer…(amor)/E jamais termina meu caminhar/Só o amor me ensina/Onde vou chegar (por onde for quero ser seu par)”. Relata que já viveu momentos de incerteza, guerreou com seu íntimo, porque não havia convicção de que ali residia definitivamente toda a sua força de “bem querer”. Enfim percebe que a sua marcha nunca se encerrará, uma vez que é a permanente busca pela satisfação plena de um amor que se consolida cada vez mais. E, só esse amor determinará o ponto de chegada.
“Rodei de roda, andei/Dança da moda, eu sei/Cansei de ser sozinha”. A vida oferece veredas diferentes a serem percorridas, no entanto tem a consciência de que o “andar em frente” é mais feliz quando não se está só. O “eu lírico” justifica, portanto, sua determinação de ir ao encontro do seu amado, “cansou de ser sozinha”.
“Verso encantado, usei/Meu namorado é rei/Nas lendas do caminho/Onde andei…”. No seu encantamento, a imaginação constrói estórias que aspira tornarem-se verdadeiras. E o seu amado se apresenta como um “rei” do seu mundo.
“No passo da estrada… (me leva amor) /Só faço andar/Tenho o meu amor/ Pra me acompanhar… (amor)/ Vim de longe léguas/Cantando, eu vim…(me leva amor)/Vou, não faço tréguas/Sou mesmo assim (por onde for quero ser seu par)”. Avançando no seu caminhar, se diz contente por ter “seu amor a lhe acompanhar”. No percurso longo de onde veio sempre se dispôs a fazer tréguas quando necessárias, porque é na paz que tudo se conquista. No coração uma certeza se impõe, ela quer ser a companheira de todos os instantes da vida da pessoa que ama.
Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”
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