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AJUDA, APOIO OU PATROCÍNIO ?


01/02/2018

Foto: autor desconhecido.

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              Eis que chegamos à semana pré-carnavalesca e as demandas se multiplicam. Para onde formos, temos aí grande movimentação em torno do Carnaval. O mercado se agita preparando para o período de momo. Os blocos, todas as instituições se juntam em busca de patrocínio para atender seus custos básicos de saída no Carnaval. É justamente aí que o bicho pega.

Em tempos de economia em crise, o que era Patrocínio com P maiúsculo, virou ajuda, apoio, qualquer coisa assim, menos negócio. Temos assistido um verdadeiro cho-ro-rô, de lado a lado, por parte daqueles responsáveis por colocar o bloco na rua.

As grandes marcas programaram seus investimentos enxugando e limitando os valores ou fazendo escolhas para apenas os principais mercados. Exemplo disto, a Ambev, que há três anos investia o numeral de trinta e seis milhões no Carnaval de Recife, este ano pousou de bacana e, em cima da hora, liberou apenas cento e cinquenta mil reais para participar com grande vantagem no Folia de Rua, o Pré Carnaval de João Pessoa, diga-se de passagem, um evento que é a maior prévia do país chegando a reunir um público de 1.2 mil pessoas durante cinco dias.

Outro evento, o Campeonato Paraibano de Futebol, já iniciado, também chora lamúrias. Ora, uma área de negócio que se posiciona entre as mais valorosas do mundo, o esporte do futebol. Pois bem, as emissoras de televisão e portais estão suando para conseguir assinaturas para a cobertura dos jogos.

É certo que o país vive uma retração financeira, desemprego tomando proporções, inflação, enfim, mas o que há de mais crítico em tudo isto? Pensamos que seja falta de planejamento. As empresas, a maioria não conta com departamentos ou consultorias de marketing, capazes de avaliar a situação de mercado e prever investimentos, cortes, saídas profissionais e técnicas para superar e manter a sustentabilidade.

É assim, desde a simples dona de casa que programa suas compras para a feira do mês, até os grandes investimentos de grandes empresas, se faz necessário avaliar o caixa, o estoque, o capital de giro, o valor das marcas, os investimentos possíveis, as fontes, promover pesquisas, enfim, mensurar recursos necessários para manter-se no mercado e aproveitar as oportunidades. Mais, ganhar destaque mesmo em tempos de crise.

Temos observado, é justamente na crise que os grandes bancos, as instituições financeiras de todo o mundo apostam suas ações. A estratégia é simples de raciocinar. Se o pequeno está com fome, qualquer auxílio irá atender, por menor que seja à sua necessidade. É Lei de mercado. Na crise os bancos apostam em maior endividamento das classes sociais menos favorecidas. Estas, sentindo necessidade de consumo básico, recorrem aos bancos assumindo empréstimos a longo prazo e com taxas de juro que, imperceptíveis, constroem somas bilionárias de alto lucro. É nesta hora que as grandes marcas se apropriam do direito de reivindicar maiores benefícios quando diante da assinatura de contratos de patrocínios para eventos diversos.

O que seria importante lembrar é o foco, que não deveria atuar desavisado da forma profissional de tratar. Mesmo em tempo de crise econômica. Negócio sempre será negócio. Ou seja, proposta de benefício de troca de dinheiro ou bens, por serviço ou produtos para as partes envolvidas. De forma justa. Isto é marketing. Isto diferencia a simples ajuda, do apoio, da parceria, ou do patrocínio. E tem-se um ano inteiro, no caso do Carnaval, do Campeonato e outros ventos do calendário, para programar, planejar, negociar, executar, ver os resultados acontecerem.

Lançando olhar para nossa praça, parece que estamos diante de um cego no meio de um tiroteio, quando as balas perdidas cruzam sem que o ator perceba. Temos dito insistentemente sobre a necessidade de um diálogo profissional no sentido de buscar profissionalizar nossas ações, planejar, correr e não deixar tudo a ser feito em cima da hora.

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing cultural – g.sabino@uol.com.br


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