Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Ainda efeitos da 101.7: Noticia, um produto à venda


05/02/2013

Foto: autor desconhecido.

{arquivo}De repente, não mais que de repente, a Paraiba se viu tomada de um debate oriundo a partir do fechamento do Jornalismo da 101.7 FM com direito a todo tipo de interpretação, inclusive de responsabilização indevida acusando o Governo do Estado de ser mentor do processo, quando as evidencias do processo nos bastidores apontam para outra realidade, que nos faz lembrar os tempos de Bancos Universitários na UFPB quando já nos idos anos 79, a professora doutora Cremilda Medina, da USP, já tratava dos meandros culturais e comerciais da Notícia enquanto produto à venda.

Se reparar direito, as empresas de comunicação nos vários níveis de habilitação (TV, Rádio, Jornal, Midias eletrônicas, etc) convivem com esse componente imperioso de sobreviver a partir de faturamento capaz de levá-las à auto-sustentação. Num mercado econômico, como o da Paraiba, onde a iniciativa privada é refém dos contratos e negócios gerados pelos Governos, especialmente o maior deles, o Estado. E pior: muitas empresas são deficitárias.

Como a iniciativa privada não tem cultura de anunciar dentro de um prisma natural termina que privilegiando os grandes Meios, sobretudo as TVs, fugindo ainda dos veículos menores e, sobretudo, os que têm conflito com seus maiores clientes, os Governos.

Esta realidade é assim em João Pessoa, Campina, Recife, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo.

São Paulo também? Sim, embora em escala menor, mesmo assim percebamos como os grandes veículos paulistanos e cariocas poupam grandes clientes e seus maiores representantes como o Governo de São Paulo, Prefeitura da Capital – Gerlaod Alkmin, Serra, Kassab, etc porque, em face da relação conflituosa com o Governo Federal, é este conjunto de Economia Pública que ajuda os veículos do Sudeste a sobreviverem. Procurem levantar os investimentos da CEMIg (Minas) e logo verão que, depois das empresas mineiras, são as paulistas e cariocas quem mais atraem o dinheiro da poderosa estatal.

Esta é a troca de moedas – uns têm o poder da informação, outros têm o dinheiro, neste caso público.

Guardadas as proporções é isto o que acontece na Paraiba velha de guerra, onde a Oposição se serve do “Jornalismo Plural”, que deveria ser uma norma ética permanente, mas não se mobiliza para levantar condições de participar nos veículos com o mínimo de reciprocidade comercial porque as empresas precisam sobreviver, sobretudo numa sociedade Capitalista.

Isto é tão forte que, para se confirmar a tese em questão, o SINDIFISCO é poderoso e forte nas relações porque dispõe de E$trutura financeira para bancar o “debate” contra seus algozes, até mesmo no caso deste momento, o Governo do Estado.

Particularmente advogado o exercício da liberdade de expressão plena – e falo (escrevo) de cátedra porque sei o ônus de fazer “jornalismo plural” nesta aldeia de pouco milho para tantas bocas, onde muitos sequer sabem o preço de manter uma empresa com dignidade neste estado com encargos que a Oposição nem de longe se preocupa.

Trocando em miúdos, a realidade nua e crua expõe esta debilidade financeira como fator de arranjos e conchavos, onde a tal liberdade plena acaba sendo afetada.

Quem vai pagar por isso:

PARA ENTENDERMOS MELHOR A HISTÓRIA

{arquivo}O professor Gabriel Oberle é um dos estudiosos profundos das teses da Comunicação à lá o que escreveu Medina – ‘NOTICIA, UM PRODUTO À VISTA.

Diz ele: “Desde a antiguidade a comunicação esta presente entre os povos. As trocas de informações, antes ligadas ao comércio, se tornam, com o tempo, um produto do noticiarismo. Com esse surgimento dos periódicos, transmitindo os fatos ocorridos para a população, a notícia torna-se um produto de venda. Com as informações senda cada vez mais trocadas, as ações ganham uma liberdade maior, um direito de se propagar as informações, os primeiros jornais, ou ainda, a cultura da comunicação de massa. Porém, essa liberdade não é possuída por todos, os detentores dos meios de comunicação sempre foram os mais privilegiados monetariamente ou dos pensadores, fazendo com que a informação não saia de todas as classes, mas chegue a elas por meio de uma responsabilidade social presente naqueles possuidores de informação.

Isso tudo se consolidou ainda mais com as grandes agências de noticias e jornais, que também exigiram uma maior preparação para os transmissores de informações: as faculdades. Esse estudo tem por fim uma boa aparência do produto, ou seja, a notícia merece um tratamento para que o receptor aceite bem as informações, tendo-se em vista: atualidade, interesse do público, veracidade, clareza, etc. Essa preparação faz do repórter um filtro do que chega aos meios de comunicação, mas esse filtro também significa que o repórter tem o poder da informação em suas mãos. Contudo o público possui grande força na confecção da notícia, seus gostos e desejos influenciam os meios de comunicação.

Vários autores explicam as funções e modos pelos quais a informação toma sua forma final. Luka Brajnovic, em sua obra Tecnologias da Informação, relata:

“A informação é o conjunto de formas, condições e atuações para fazer públicos – contínua ou periodicamente – os elementos do saber, de fatos, de acontecimentos, de especulações, ações e projetos, tudo isso mediante uma técnica especial feita com esse com este fim e utilizando os meios de transmissão ou comunicação social. Esta técnica especial pode ser a técnica jornalística, que necessariamente utiliza instrumentos próprios pra que a informação – conseguida e formada por essa técnica – se faça pública. O conjunto destes instrumentos é o que chamamos Tecnologia da Informação.” (Brajnovic, Luka. Tecnologias das Informações)”.

ÚLTIMA

“Quando chega a se virar /
Cada um cuida de si…”

 

 


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