Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Adauto: a morte do enigma


26/12/2003

Foto: autor desconhecido.

O falecimento do deputado federal Adauto Pereira, anteontem à noite, em Chapecó (SC) sepulta um estilo `sui generis´ de fazer política – sem um único discurso registrado – mas com êxito permanente, isto é, mandatos seguidos desde que resolveu disputar uma das 12 vagas da Câmara Federal.

Ao longo dos 67 anos, Adauto Pereira consolidou seis mandatos consecutivos em fases diferentes da vida política nacional, mesmo quando a guerra ideológica o colocou na mira, mas sempre tendo ao final a eleição garantida do parlamentar.

Adauto não era exemplo parlamentar no sentido `Latu sensu´, pois, era avesso a discursos, pronunciamentos e exposição na mídia. Nesses 25 anos de mandatos, não há existência seqüenciada de entrevista nos veículos de comunicação da Paraíba ou de outros estados.

Tanto isso é verdade que na página do deputado, no site da Câmara Federal, quando qualquer internauta clica ainda hoje no ícone `Pronunciamentos´ – não há um único registro sequer.

Só que, nos bastidores das relações municipalistas – com as famosas bases municipais – Adauto Pereira seguramente era o mais capaz parlamentar paraibano em carrear recursos e obras para seus prefeitos e cidades nas quais era votado.

Ainda hoje pode perguntar a qualquer parlamentar, de qualquer que seja a origem ideológica, daqui ou de outro estado, que certamente deporá em favor dessa condição trabalhadora de Adauto para com suas bases – agora órfãos desse jeito dedicado a lhe garantir tantos mandatos seguidos.

Trocando em miúdos, Adauto inaugurou um estilo diferente até demais, distante de ser modelo no Parlamento que vive de debate e exposição, portanto, leva consigo o manequim solitário de um municipalista sem igual em termos de postura.

No paralelo, há de ser dito que, em vida, o também industrial e agropecuarista fez uma das maiores fortunas oriundas de um paraibano, cujo montante ainda está no que se chama de incalculável, visto que detinha imóveis e bens em diversos estados do país, especialmente no Maranhão, onde era um dos maiores criadores de gado.

Filho de família política – seu pai famoso Chico Pereira – construiu a partir de Pombal os passos ousados que extrapolaram as divisas da Paraíba granjeando fortuna e mandatos seguidos dando-lhe vida própria, independente em termos financeiros, mas sempre requisitado porque, como na vida de gado, conseguia como poucos levar seus votos intactos para a opção política que fizesse.

Agora tudo é saudade e lamentos comuns em dor como a que a Paraíba sente.

Luto oficial

Logo que soube do falecimento do deputado Adauto Pereira, o governador Cássio Cunha Lima anunciou em Campina Grande, onde estava, que decretara Luto Oficial por três dias.

É procedimento protocolar de praxe, mas Cássio revelava lamento pela morte do parlamentar.

Efeitos da morte

A morte de Adauto promove pequena mexida no contexto político e até na equipe do Governo do Estado. O deputado federal Marcondes Gadelha assume a titularidade do mandato e, com essa alteração, gera a condição de Álvaro Neto ser o suplente apto a assumir a Câmara Federal.

Só que o governador Cássio deverá remanejar um deputado federal hoje no Secretariado – Domiciano Cabral é o mais cotado – evitando assume a posse de Álvaro.

O Secretário adjunto Hipolyto Militão deve assumir a titularidade da Infraestrutura.

Argumento exposto

Ontem, em entrevista, o governador Cássio dizia que o movimento de ajuste na equipe e esquema política já estava em curso porque os secretários – deputados Ronaldo Cunha Lima e Domiciano Cabral já manifestavam interesse em retornar à Câmara.

– Tanto Ronaldo quanto Domiciano haviam demonstrado interesse de voltar às atividades parlamentares.

No Senado I

O senador José Maranhão foi avisado da morte de Adauto pelo filho Chico Neto, que esteve em sua casa no Altiplano. `Perdemos um amigo e companheiro de lutas´, disse ele lembrando que foi responsável pela adesão de Pereira à campanha de Antonio Mariz ao governo, em 1994, garantindo a vitória no governo do Estado.

No Senado II

Já o senador Efraim Morais, presidente do PFL, observou que ultimamente vivia uma fase próspera de reaproximação política com Adauto, pois estavam distantes por conta da decisão do deputado de não votar em Efraim para o Senado.

– Lamento muito a morte de Adauto, até mesmo porque vivíamos a reaproximação política – afirmou.

Umas & Outras

… Adauto Pereira estava separado judicialmente da sra Mirtes Fontes e deixa dois filhos – Chico Neto e Thyanna.

… Sua morte deixou entristecida a família, amigos e a cidade de Pombal.

… Informações extra-oficiais dão conta que o deputado vivia um relacionamento afetivo com uma assessora parlamentar da Câmara Federal, residente em Chapecó (SC), onde sofreu o infarto.

Última
` O nome / a obra imortaliza…´


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