Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A vontade de ser “pop star”


07/12/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Tem gente que não sabe viver distante das câmeras, dos refletores, da mídia que adota o espetáculo como pauta jornalística. São pessoas que adoram pousar como celebridades. Adoram ser reverenciadas, homenageadas, receberem comendas, medalhas, troféus. Se sentem os diferentes. Consideram-se fora dos padrões normais da humanidade, quase deuses.

Eu desconfio daqueles que se arvoram excepcionais apenas por cumprirem o que é devido enquanto exercem o que lhes compete como ofício. Pensam se colocar como distintos no mundo dos normais, unicamente porque imaginam fazer o que todo mundo sabe que não passa de obrigação. São figuras que almejam os aplausos fáceis, a veneração.

Fico observando administradores públicos que exaltam a honestidade como se fosse uma virtude a ser qualificada. Juizes que se proclamam paladinos da justiça e, na verdade, agem unicamente pensando em se tornar destaques, ainda que contrariando princípios éticos e legais.

Triste perceber isso. Observar que algumas personalidades estão muito mais preocupadas em aparecer, do que verdadeiramente exercer sua função com simplicidade e sem a necessidade de se transformarem em “pop star”. No Brasil isso se tornou moda. Juiz é estrela de eventos, personagem central de acontecimentos públicos, atração maior de festas.

Quero acreditar num país em que as celebridades sejam pessoas que se distingam por possuírem dons que se afirmam diferentes. Ser honesto e ser justo não é mais do que uma obrigação. E o pior é quando nem honesto, nem justo a pessoa se afirma e se acha o melhor, o singular, o extraordinário.

A vontade de ser famoso e bem sucedido pode transformar a personalidade do homem e fazê-lo diferente do que deveria ser. A vaidade prejudicando o racional, o orgulho modificando a forma de ver e analisar o que estar á sua volta. Deixa de ser o equânime, para agir conforme o que determina a exigência do sucesso.

Não costumo prestar homenagens a esse tipo de gente. E, além disso, estabeleço distância no respeito que ele possa merecer. Falei em juiz? Talvez tenha sido pela insistente repercussão da mídia de alguém que insiste em ser mais pop estar do que um julgador isento.

 

 


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