Geral
A viagem eterna do Lord da propaganda
27/11/2007
Foto: autor desconhecido.
Logo cedo, o telefone toca e do outro lado a má notícia é transmitida pelo amigo comum, Ivan Thomaz: Genival Ribeiro faleceu na madrugada. Dito assim, de supetão, muito cedo da manhã, não sabia o que fazer como reação imediata se chorava, lembrava das últimas imagens do maior nome da propaganda paraibana de todos os tempos, se corria para noticiar o triste fato ou se me recolhia, sozinho, à contemplação.
Fiz um pouco de tudo isso sem tirar do quengo a última conversa, o último encontro físico sem que, já enfermo, ele assumisse tal condição. Ao contrário, só falava de planos, de futuros projetos no campo do marketing político, coisa de gente que nasceu para brilhar.
Genival Ribeiro não se entregou um só instante à doença nunca revelada, mas que os amigos falavam à boca miúda tratar-se de leucemia. Passou-se o tempo e, como conseqüência, gerou-se metástase em outras partes do corpo até o fim do ciclo carnal na madrugada desta terça-feira gerando dor, ao mesmo tempo descanso eterno, diante dos rumos somente cuidados por Deus.
Pode ser que alguém considere um exagero, mas não é: foi Genival quem primeiro soube explorar proativamente o marketing sobre o universo da propaganda na Paraíba, antes afeita apenas aos muros internos da aldeia tabajara de João Pessoa e da Paraíba levando-a para conhecimento dos demais estados do Pais, tanto que foi responsável pela instalação entre nós do capitulo da ABAP Associação Brasileira das Agências de Propaganda.
Tem gente que não morre, se encanta já ouvi isso algumas vezes, tese essa que se aplica com manequim completo à história de Genival Ribeiro, 64 anos, botafoguense lá e lô (ou seja, aqui no Estado e no Rio de Janeiro ), batizado por Ivan Thomaz de cineasta, mas que, na propaganda, se transformou em mito pela competência que soube exprimir durante toda a sua carreira.
Bom papo, companheiro solidário e visionário, o Lord como também Ivan Thomaz, sócio e amigo, o apelidou -, cativou amigos por todas as partes, em todos os recantos até pela alma boa que sempre conduziu com o jeito certeiro de quem estava sempre pronto para uma viagem de negócios, um almoço em bom restaurante, enfim, nos ambientes comuns à quem soube viver a vida intensamente.
Lembro, logo que recentemente cheguei de Barcelona, era noite de segunda-feira quando ele, por telefone, deu uma aula sobre os catalãos, a cultura, a culinária e pontos históricos mais importantes do lugar. Soube, mais do que Marcos Pires e olhe que o filho de Dona Creuza é PhD em Espanha, traduzir sua sabedoria internacional, como se fosse a ultima vez que encantaria com sua capacidade de leitura de grandes ambientes do mundo.
Ele não viu, mas me deixei tomado de prantos porque, mesmo doente, falava em um dia retornar ao lugar quando no meu juízo sentia ser muito difícil disso acontecer em face da doença. O certo é que o aplaudi, estimulei-o ao máximo sem afetar seu sonho de partida para onde quisesse até mesmo o lugar sagrado, onde todos, sem exceção, um dia embarcam para nunca mais voltar.
Genival se foi deixando um legado de homem incomum, muito aquém dos moleques dos Expedicionários, vizinhos da Torrelândia querida, fazendo história e se consagrando na letra sábia do poeta, que diz: o nome a obra imortaliza.
Agora vamos cuidar de Isa, a companheira viúva, e dos meninos Angel Gabriel e Isa Gabriela 6 e 5 anos respectivamente de muita esperança e chão pela frente.
Como ainda há tempo vou pedir que Maria Julia e Antonio Cândido (meus pais in memorian) que os receba no céu com toda a nobreza possível. Se puderem ainda peço que cantem aquele samba imortalizado na voz de Alcione: não deixe o samba morrer/ não deixe o samba acabar/ o morro foi feito de samba/ de samba pra gente sambar.
E façam festa, muita festa, porque Genival Ribeiro merece ser recebido com dignidade.
Inté mais, amigo.
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