Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“A Taça do Mundo é nossa”


12/07/2015

Foto: autor desconhecido.

 

“A taça do mundo é nossa, com brasileiros não há quem possa”, essa música era cantada por todos nós naquele chuvoso mês de junho de 1970, Como sempre acontece na época em que se realiza o campeonato mundial de futebol, o Brasil vestia verde e amarelo. É um tempo em que os brasileiros, sejam quais forem as classes sociais que pertençam, se enchem de sentimento patriótico.

Naquele ano havia uma entusiasmada confiança na nossa seleção. Sua campanha vitoriosa nas eliminatórias, oferecia a todos nós a crença de que nos reabilitaríamos do fiasco da Copa de 1966. Essa esperança aumentava a cada jogo da competição. O time composto por estrelas como Pelé, Gerson, Tostão, Jairzinho, Piazza, Carlos Alberto, treinado por Zagallo, é considerado o melhor de todos os tempos.

No dia vinte e um, acordávamos ansiosos e nervosos na expectativa da partida final que se realizaria na Cidade do México. Enfrentaríamos a fortíssima seleção da Itália. Apesar das fortes chuvas que caiam em nossa capital, o clima era de festa, com prédios e ruas decorados com as cores verde e amarela. No horário do jogo, o país parou para assistir pela televisão essa histórica partida de futebol. Era também a primeira Copa do Mundo que podíamos ver ao vivo e a cores pela TV.

Terminou o primeiro tempo com um empate que deixava a todos preocupados e nervosos. No entanto, nos quarenta e cinco minutos finais, a seleção canarinha deu um verdadeiro show de futebol, o que nos garantiu a vitória por quatro tentos a um. Consagrávamos a conquista do tri-campeonato, tomando posse em definitivo da Taça Jules Rimet, que foi levantada pelo capitão da equipe Carlos Alberto Torres.

Após o apito final do juiz, o povo tomou conta das ruas. Fomos para a Lagoa, ponto central da festa de comemoração. O Viaduto Damásio Franca, antigo Ponto de Cem Réis, foi excepcionalmente aberto para trânsito, mesmo sem ter sido inaugurado. A população decidiu fazer uma inauguração extraoficial.

A música “Pra Frente Brasil” era tocada em todo lugar, para alegria dos governantes, que viam nos festejos populares, a oportunidade de tirar proveito político, procurando melhorar a imagem perante a opinião pública. A população estava anestesiada pela emoção da conquista do título e esquecia as questões políticas e sociais.

O carnaval fora de época foi um dos acontecimentos mais empolgantes que pude assistir e participar na minha vida. Nas competições que envolvem a seleção brasileira, até aqueles que não gostam de futebol, se interessam em acompanhar e fazer parte da torcida. Afinal de contas essa é uma das grandes paixões do povo brasileiro.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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