Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A simbiose


13/05/2016

Foto: autor desconhecido.

 

O termo vem da biologia, onde dois seres vivos de espécies diferentes contribuem reciprocamente para garantia da sobrevivência de ambos. Ocorre o mesmo nas relações entre os seres humanos, a partir do nosso nascimento. A dependência mútua de mãe e filho é a primeira manifestação de simbiose emocional. O instinto materno faz com que as mães coloquem as necessidades e desejos dos filhos acima de qualquer outra coisa, esquecendo-se, inclusive, delas mesmas. Por consequência os filhos, nessa sujeição, enfrentam dificuldades para aprenderem a caminhar com as próprias pernas.

Portanto as relações simbióticas, ainda que fortaleçam vínculos afetivos, podem produzir muitos dissabores e infelicidade. A cumplicidade, entre duas pessoas que se amam não pode chegar ao ponto em que se perca a individualidade, o ser uno. Na relação simbiótica há sempre uma das partes, ou as duas, que se torna carente da mutualidade para ser feliz. Acentua-se a vulnerabilidade da própria personalidade, recebendo influências um do outro, que geram angústias e sofrimento. Então as diferenças passam a incomodar.

Temos que estar sempre preparados para vivermos independentes, escolhendo nossos próprios caminhos, definindo nossas próprias preferências, autônomos nas jornadas da vida. Não confundir isso com o espírito de solidão. Ninguém consegue viver bem se isolando. O que se transforma em doença, distúrbio patológico, é imaginar que não se pode viver sem a companhia daquele parceiro que escolheu para estabelecer uma relação simbiótica.

Na simbiose amorosa, seja qual for a relação vivida, somos atingidos por sentimentos que nos afligem na convivência do dia a dia tal como: ciúmes, pressões, cobranças, etc. Na simbiose há o entendimento de que dois tornam-se um, e se um deixar de existir o mundo se acaba daí o surgimento da paranoia de que nada pode acontecer sem que haja a participação mútua.

Faz bem refletirmos sobre isso. Devemos preservar nossas singularidades, sem abrir mão em nenhum instante do que pensamos ou queremos, em nome de uma relação afetiva. O verdadeiro amor não exige dependência, submissão integral, anulação da personalidade. O verdadeiro amor requer companheirismo, dedicação, cuidado, mas não posse, sujeição, subordinação completa.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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