Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A rua ABC


26/04/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Na rua ABC éramos atendidos nas nossas necessidades mais imediatas. Tanto pelos estabelecimentos comerciais que ali se situavam, como pela linha de ônibus que nos levava a outros bairros e centro da cidade, o Circular ABC.

Todos das imediações, logo cedinho, iam comprar o pão na Padaria de seu Didi e seu Rufino. A panificadora foi mantida pelos filhos e ainda existe na atualidade. Sempre foi um ponto de referência do bairro. Localiza-se na esquina com a Avenida Frei Afonso, paralela à que morávamos.

Em frente à panificadora ficava a farmácia de dona Margarida. Sempre muito atenciosa e cuidadosa. Era ela quem nos atendia, nas ocasiões em que precisávamos de um socorro mais urgente, quando se tratava de problemas de saúde. Guardo a lembrança de um dia em que lá fui tomar uma injeção e sofri um rápido desmaio. Descobri naquele instante que era alérgico a penicilina.

Mais à frente, do lado direito, ficava o armarinho de dona Anália. Era aonde íamos a procura de miudezas, pequenos presentes, material escolar, objetos de utilidade doméstica, etc. Em frente, ao final da minha rua, também funcionava outro armarinho, esse de propriedade do casal Juraci Pedro Gomes e Rosilene. Os dois, no futuro, viriam a presidir a Federação Paraibana de Futebol.

Na esquina com a rua Professora Ana Borges havia a mercearia de Seu Geraldo, bastante sortida. Era o local em que adquiríamos alguns gêneros alimentícios e utensílios para nossa casa. Nesse tempo não haviam ainda os supermercados.

O “fiado” era institucionalizado por um caderno, no qual se anotavam todas as compras, para pagamento no final do mês. Duvido que a inadimplência fosse alta. Os devedores eram todas pessoas conhecidas e a aplicação do calote dificilmente acontecia. Interessante como antigamente a má fé não era uma prática costumeira. Acho até que a noção de moral e ética era bem melhor compreendida e exercida.

Na continuidade da Rua ABC existia um posto de serviços dos Correios e Telégrafos. Funcionava na residência de uma senhora muito simpática de nome Vitória Cantalice. Isso facilitou muito a vida de minha mãe que, por algum tempo, passou a dar expediente pertinho de onde morávamos.

Nosso cotidiano, portanto, estava ligado a essa dinâmica comercial da rua ABC. Como é bom puxar na memória essas recordações.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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