Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

A reflexão crítica


28/02/2024

Brasil, S¿o Paulo, SP. 16/08/1993. O educador e filÛsofo Paulo Freire posa para foto durante entrevista concedida para o Grupo Estado na capital paulista. Pasta:48105 Negativo:935050.2 Contato:0803100 - CrÈdito:CL¿VIS CRANCHI SOBRINHO/ESTAD¿O CONTE¿DO/AE/Codigo imagem:112225

Cada vez mais se faz necessário o exercício de uma reflexão crítica dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos que influenciam na nossa vida cotidiana. Só assim se consegue alcançar uma tomada de consciência, fundamentada na análise de questionamentos que se tornam essenciais para melhor compreensão de um determinado fato com clareza. Ideias, argumentos e evidências sendo cuidadosamente avaliados de forma objetiva e isenta, na intenção de desenvolver a capacidade de formar as próprias opiniões e tomar decisões com base em sólidas informações.

Esse é um desafio que precisa ser enfrentado na contemporaneidade, despertando ideais para a sociedade em que esteja inserido. Paulo Freire já afirmava que “toda ação libertadora é necessariamente acompanhada de uma profunda reflexão”. Tomemos como exemplo o que aconteceu nos anos 60, mais precisamente em 1968, considerado “um ano mítico”, quando em diversos lugares do mundo afloraram propostas reformistas e revolucionárias. Movimentos sociais e lutas políticas foram incentivados, a partir do olhar crítico da realidade, no entendimento de que cada um tem o direito de escolher os caminhos da própria felicidade. No exercício da reflexão crítica é inaceitável que se alimente raiva de quem discorda de sua opinião, impondo um elitismo autoritário como se fosse dono da verdade. Escutar é uma prática democrática, desde que saibamos discernir quando o interlocutor tem interesse em distorcer a percepção dos fatos, das coisas e dos acontecimentos.

A criticidade tem tudo a ver com a curiosidade, quando ambas convocam a imaginação e a capacidade de conjecturar, jamais admitindo o conformismo, mas abrindo oportunidades para pensar o futuro com perspectivas de mudanças. O tom de rebeldia faz nascer o espírito de enfrentamento de circunstanciais dificuldades, sem se contaminar pela resignação diante delas. Não há mudanças impossíveis, esse deve ser o ponto de estímulo para iniciar jornadas transformadoras.

Saibamos lidar sem medo e sem preconceito com as diferenças, abertos ao diálogo e a argumentação contrária. Só não podemos tentar convencer um fanático. É perda de tempo e de energia. O escritor e ativista político Carl Sagan, diz que “Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” No ambiente de polarização política que estamos vivenciando no Brasil, nos defrontamos muitas vezes com posturas anticientíficas e esforços de relativização da verdade. Com esses não dá para debater, porque não exercitam a reflexão crítica.


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