Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

A raiz do problema


17/03/2007

Foto: autor desconhecido.

Ao nos depararmos com o auge da crise de relacionamento entre setores populares – vide agentes de saúde,etc, mais o atentado contra a Secretária Roseana Meira e o recrudescimento nas relações do prefeito Ricardo Coutinho com a Oposição na Câmara de João Pessoa, indaga-se: o que está por trás de tudo isso e onde podemos chegar?

Tentemos responder: no caso do futuro não vai ser agora que apontaremos com exatidão como se dará a realidade mais na frente, embora já se preveja que quanto mais aguçada a crise, mais perspectiva de gravidade e absurdos insanos no ar.

No quesito passado/presente talvez seja mais fácil entender ou justificar. Em tese, tudo tem a ver com a relação política versus a norma jurídica, indispensável para a vida democrática, agora sendo exercida pelo prefeito Ricardo Coutinho longe da condição que era antes, ou seja, de mero (às vezes irresponsável) estilingue das lutas sociais promovidas pelos excluídos da cidade. Mérito para ele também no papel passado.

Para refrescar: antes, enquanto parlamentar antenado com os reclamos sociais, onde houvesse um agrupamento se queixando sobre o que fosse, lá estava ele, solidario, contra quem quer que fosse, mesmo se essa outra parte tivesse direito a não ceder nas reclamações de setores excluídos.

Esta situação se aplica como uma luva no caso dos agentes de saúde, dos ambulantes, etecétaral e tal. À época era esse manequim político utilizado por Ricardo na busca de reparar exclusões produzidas pela ‘stableshement’ ao longo dos tempos. Não esqueçamos que sempre haverá setores a reclamar a inserção na ordem de sobrevivência mínima.

Veio o tempo, entretanto, e eleito prefeito da maior cidade do Estado, RC começou a se deparar com o conflito entre o seu jeito passado versus a realidade nua e crua de uma grande administração agora tendo, no mínimo, de conduzir nova ordem de relacionamento do setor público com a sociedade.

Exemplo: ao invés de estimular invasões irresponsáveis de áreas públicas, Ricardo se viu caído na real de ter de fazer o contrário – este sim, o interesse da sociedade – buscando devolver minimamente espaços públicos cedidos graçiosamente por lideres políticos no passado recente. Começa por ai o cenário de agora.

As calçadas do centro da cidade precisavam estar como estão para ocupação dos transeuntes. Questionando ou não à forma do processo ser deflagrado, o fato é que Ricardo agiu corretamente ao devolver à sociedade o mínimo de trânsito nas calcadas da cidade.

Por isso, a alternativa para os ambulantes, que precisam sobreviver, é que motiva negociações perfeitas visando encontrar opçoes de ambiências que os faça tirar o sustento da vida de forma decente, mas não da forma desordenada de antes.

Esses casos não oferecem legitimidade à Oposição de agora dizer-se defensora dos oprimidos porque, alguns dos lideres, foram responsáveis pela desestruturação na ocupação dos espaços públicos por interesses privados em troca de votos meramente.

A rigor, houve apenas a inversão de papéis expondo o prefeito agindo corretamente na reposição da função pública.

O caso dos agentes de saúde tem tudo a ver com essa constatação. Antes de chegar ao conceito, lembro ser amplamente favorável à construção de forma que permita uma saída honrosa para a luta dos agentes, mesmo assim não se pode imaginar que a busca de normatização legal definitiva (o concurso público) insista-se em tratá-la como absurdo.

Negativo. A situação anômala anterior incentivada pelo ex-deputado e vereador Ricardo é que estava inconsistente do ponto-de-vista legal. Ora, se isso é verdade, conceda-se aos atuais agentes pactuação prevista na lei oferecendo a eles alguma pontuação a mais já no inicio do concurso privilegiando-os nas demais etapas do evento/concurso pela condição primeira de já exercido a função.

Em síntese, é preciso que se acate e se saiba conviver com as demandas sociais – estas o gargalo das administrações públicas – semore oferecendo condições de, na base do dialogo, construir saídas para os problemas.

Mesmo assim, nem agora nem nunca será dispensável levar em conta atitudes políticas de bom senso dos lideres, bem como precisamos aperfeiçoar as normas para o bem coletivo. Fazer o papel inverso é querer o inferno público, algo não aceito pela sociedade.

Foi preciso ‘apanhar’ para o prefeito saber que querer nem sempre é poder.


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