Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A paixão


21/04/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Será que alguém pode viver uma paixão moderada? Impossível! Esse é um sentimento tão forte e avassalador que tem o poder de transformar vidas. A excitação incomum provocada pelo desejo, por uma causa, objeto ou pessoa, faz, quase sempre, com que ofusque a razão. As emoções produzidas pela paixão roubam a capacidade de agir e de pensar com racionalidade.

O risco da paixão é desprover-se de equilíbrio, coerência, sensatez. Ela se manifesta como uma alucinação; aonde uma avalanche de sentimentos conduz o apaixonado a uma sensação de que ali está a única razão de viver. Projeta-se no inconsciente um mundo de fantasias, na vontade de compartilhar vidas e intimidades. O estado de paixão não permite avaliar consequências, nem enxergar imperfeições e defeitos no objeto do seu fascínio. Por isso se diz que a paixão cega.

A paixão é, portanto, um sentimento que pega de surpresa, chega sem explicação. É como se o tempo parasse e o mundo girasse em torno daquele entusiasmo emocional momentâneo.

Alguém poderá perguntar: então a paixão é um mal? Respondo que, na minha concepção, nada que se faça com paixão pode ser considerado prejudicial. Desde que essa paixão seja domada, não permitindo que as ações sejam baseadas nas emoções. A pessoa apaixonada é mais motivada e parte para a conquista, do que se quer, com muito mais coragem e determinação. Só não pode é atropelar os acontecimentos em nome da paixão, nem se recusar a perceber o mundo à sua volta.

A paixão romântica, tanto pode se tornar amor verdadeiro, no amadurecimento dos sentimentos, quanto pode se revelar uma lamentada frustração. A desilusão amorosa traz, no pós-paixão, a compreensão dos equívocos cometidos pelos arroubos desnorteados vivenciados. É a hora então de se questionar: será que foi por essa pessoa mesmo que um dia me apaixonei? No íntimo se desconhece no comportamento de antes e não consegue reconhecê-la na personalidade de hoje. Há uma frase dita por Shakespeare que coloca bem essa indagação: “Oh, paixão, que fazes com meus olhos que não enxergam o que veem?”.

De qualquer forma, nunca devemos fechar as portas para a paixão. O importante é não tornar-se escravo dela.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.

 


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