SGPB

Sociedade de Gastroenterologia da Paraíba.

Saúde

A Obesidade no Dia Mundial da Saúde Digestiva


29/05/2021

Dra. Maria de Fátima Duques, é presidente da Sociedade de Gastrenterologia da Paraíba

Por SGPB

Por Fátima Duques
Gastroenterologista e presidente da Sociedade Paraibana de Gastroenterologia

 

O dia 29 de maio foi instituído pela Organização Mundial de Gastroenterologia (World Gastroenterology Organization – WGO) como o Dia Mundial da Saúde Digestiva, com vistas a alertar a população sobre as doenças do sistema digestivo e os cuidados que se deve ter para evitá-las ou pelo menos controlá-las.

Em 2021 o tema escolhido para ser ressaltado foi a obesidade, condição que os pesquisadores dizem existir desde a época paleolítica, há mais de 25.000 anos atrás.O tecido adiposo (nossa gordura corporal) é fundamental para suprir nossos requerimentos vitais por sua capacidade de armazenar energia sendo hojeconsiderado também uma estrutura endócrina, por secretar várias substâncias que o permitem cumprir seu papel. Entretanto, se o excesso de gordura corporal ultrapassa a necessidade de reserva energética e de proteção térmica muitos problemas ocorrem no organismo humano.

A obesidade é um problema de saúde pública, dada a sua elevada prevalência, a dificuldade de controla-la e o elevado índice de reincidência, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar para obter um sucesso terapêutico de longa duração. A maioria de nós conhece alguém que há anos luta contra o excesso de peso, ora com bons resultados, ora não. São bem conhecidas ascorrelações entre o excesso de peso e diversas doenças, na maioria das vezes sendo constatada a piora de uma ou outra condição por sua concomitância com a obesidade.

As principais condições relacionadas ao excesso de peso são as cardiovasculares, o infarto, AVC (acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como derrame/trombose), diabetes, depressaão, ansiedade, insuficiência renal, doença do refluxo gastroesofágico, apneia do sono e alguns tipos de câncer – como de endométrio, pâncreas, estômago, rim, mama e cólon. Tem sido dada muita atenção ao fato da obesidade ser fator de risco para o câncer de intestino, em pacientes acima de 50 anos. A associação desse tipo de câncer a hábitos de vida inadequados, como dietas rica em carnes vermelhas, muito sal, gordura, alimentos ultraprocessados e sedentarismo mostra que maus hábitos alimentares cedo ou tarde cobram seu preço.

O ano de 2020 trouxe-nos a pandemia de Covid-19, cujo impacto devastador supera quaisquer outras condições que atingem a humanidade no momento. A maioria dos países que a enfrentaram para tentar livrar seu povo dessa mazela aos poucos vão logrando êxito em controlá-la. Diferentemente, nosso país adotou a política contrária: condenar o isolamento social e só começar a vacinar bem tardia e lentamente. O resultado disso? O descontrole da doença num país em que o excesso de peso já predomina, com suas abomináveis consequências inclusive quanto à Covid19, pois o impacto da obesidade no desenvolvimento de comorbidades leva a uma diminuição da expectativa de vida, agora ainda mais ameaçada pela pandemia.

Sabemos que a saúde digestiva – assim como a saúde em geral – não depende somente de atitudes individuais, mas sim das políticas públicas que regem a promoção da segurança alimentar, com orientações nutricionais sobre as possibilidades de escolha por uma dieta saudável e com a desaprovação sem perdão dos alimentos ultraprocessados e com excesso de gordura,sal e açúcar, sobretudo quando insistem na publicidade para as crianças. Entretanto, a atitude individual de informar-se para exigir  as politicas públicas possíveis referentes à alimentação e à nutrição já pode ser um primeiro passo, seguido de escolhas alimentares sabidamente saudáveis e da rejeição a alimentos reconhecidamente deletérios para a saúde.

Por último, vencer a preguiça-inércia ou seja lá o que for que impede um enorme contingente de pessoas de aderir alegremente a alguma atividade física. Nesse paíscom recursos e práticas culturais tão variáveis torna-se quase uma impossibilidade buscar individualmente a saúde digestiva. Mas os gastroenterologistas se unem à população nesse esforço pois podemos contribuir muito nesse desafio, sobretudo se houver um trabalho conjunto com os médicos de diversas especialidades, além denutricionistas e psicólogos. Isso é realmente um desafio, sejamos uma boa equipe para encará-lo e vencê-lo!                                                                                                                                                      


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