Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A notícia de que seria pai pela primeira vez


28/08/2015

Foto: autor desconhecido.

No mês de abril de 1976 vivi uma das mais emocionantes experiências da minha vida ao receber a notícia de que seria pai pela primeira vez. É uma sensação de contentamento indescritível. Nesse momento a gente se sente agraciado por Deus por poder marcar nossa existência com a certeza de que deixamos na descendência uma história de vida. São os filhos, netos, bisnetos, que eternizam nossa memória. Através deles permanecemos vivos na lembrança do que conseguimos construir enquanto com eles convivemos.

A partir desse momento a vida se transforma. Misturam-se sentimentos como alegria, responsabilidade, medo, preocupação, encantamento. Tudo o que fazemos a partir de então está voltado para a expectativa da chegada do mais novo membro da família. Compartilhei sonhos, planejamentos, ansiedades, com Robélia, durante todo o ano.

Ainda sem sabermos o sexo, passávamos horas buscando escolher o nome do nosso filho. Depois de algum tempo, chegamos à decisão de que seria Eduardo (o nome que eu teria recebido, se meu pai não houvesse mudado na hora em que nasci, porque entendeu de homenagear Rui Barbosa no ano em que se comemorava o seu centenário) se fosse um menino, e Candice, se aquele bebê em gestação fosse do sexo feminino.

Naquela época demorava algum tempo para que soubéssemos o sexo da criança que estava para nascer. Ao ter a confirmação de que seria Candice que estava por vir, iniciamos os preparativos para recebê-la. As providências ganhavam a ajuda dos avós paternos (Deusdedit e Maria José) e da avó materna, dona Albany e os tios e tias. Todos estavam também no entusiasmo da espera da primeira neta e da primeira sobrinha. A família inteira aguardando a sua chegada.

Ser pai pela primeira vez é enfrentar o desconhecido. A mãe se prepara desde criança para a maternidade, é cultural. O homem não. Ele se vê na dúvida se realmente está capacitado para tão importante missão. Trocar fraldas, carregar um bebê no colo, preparar uma mamadeira, são tarefas estranhas ao seu viver. E isso de certa forma assusta. Confesso que nunca fui bom no desempenho dessas atividades. Mas em compensação havia uma mãe que se excedia na capacidade de cuidar bem da criança recém-nascida.

Nesses nove meses de ansiedade, Candice era o centro de nossas atenções. Até que em 23 de dezembro, antevéspera de Natal, recebemos nosso maior presente de fim de ano. Ela chegou linda, sadia, irradiando uma imensa alegria para todos nós. Ali não estava mais o Rui de outrora, estava o Rui papai, todo orgulhoso e ciente de que um novo tempo começava na sua vida.

Aquela formosa menininha transformou-se numa bela mulher, hoje casada, com dois filhos. Continua sendo uma das razões da minha vida. Deus foi muito generoso comigo na oferta dos filhos que me concedeu.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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