Foi a partir da década de 90, que Roberto Carlos passou a expressar toda a sua religiosidade na produção musical. A primeira delas foi “Nossa Senhora” em 1993. Entre essas canções de cunho religioso destaco “A montanha”, lançada em 1999, composta em parceria com Erasmo Carlos, em que ele procura fazer uma comparação da nossa vida a escalada de uma montanha, quando se enfrenta dificuldades e tropeços na subida. O objetivo dessa caminhada para o alto da montanha é a necessidade que temos de cada vez mais nos aproximarmos de Deus, sem nunca esquecermos de que nossos atos devam ser sempre motivos de alegria e de agradecimento, sejam quais forem as circunstâncias.

“Eu vou seguir uma luz lá no alto/Eu vou ouvir uma voz que me chama/Eu vou subir a montanha e ficar/Bem mais perto de Deus e rezar”. A intenção de Roberto ao se referir à subida da montanha, é dizer que essa é a maneira de chegarmos junto a Deus. Lá no alto, no céu, está a luz que nos chama para a purificação. É a voz que nos convida a viver em comunhão com o divino. À medida que vamos avançando na escalada da montanha nossas orações ficam mais próximas d’Ele.

“Eu vou gritar para o mundo me ouvir e acompanhar/Toda a minha escalada e ajudar/Amostrar como é/O meu grito de amor e de fé”. Ele quer dar repercussão a essa decisão de “subir a montanha” para que outros sigam também o mesmo caminho. Seu direcionamento em busca do encontro com Deus não pode ser um ato solitário, tem que ser compreendido por toda a humanidade como a vereda da salvação. É um brado de amor e de fé.

“Eu vou pedir que as estrelas não parem de brilhar/E as crianças não deixem de sorrir/Eque os homens jamais/Se esqueçam de agradecer”. Nas nossas orações é preciso pedir que as estrelas nunca deixem de brilhar, no sentido de que elas representam as luzes do firmamento que nos orientam na trilha do bem. Assim poderemos ver permanentemente as crianças a sorrirem, festejando a paz que dominará seus corações. Mas também é importante mostramos gratos, a tudo o que acontece na nossa vida, seja nos momentos de glória, seja nos instantes da dor. O sofrimento, muitas vezes, vem para que aprendamos com ele.

“Por isso eu digo/Obrigado, Senhor, por mais um dia!/Obrigado, Senhor, que eu posso ver/Que seria de mim/Sem a fé que eu tenho em Você”. Agradecimento por cada dia que nos é permitido viver. Agradecimento pela oportunidade de sentir a presença d’Ele na nossa vida. Afinal de contas é essa fé que alimenta nosso espírito e nos faz caminhante na estrada do amor e da paz.

“Por mais que eu sofra/Obrigado, Senhor, mesmo que eu chore/Obrigado, Senhor, por eu saber/Que tudo isso me mostra/O caminho que leva a Você”. As quedas, os embaraços, as perdas ocasionais na vida, são demonstrações de que no choro percebemos o alerta da necessidade de darmos novos rumos ao nosso jeito de viver. E, por isso devemos também levantar as mãos aos céus e agradecer. Por que o caminho na direção de Deus não é feito só de flores, mas também nele são encontrados muitos espinhos.

“Mais uma vez/Obrigado, Senhor, por outro dia/Obrigado, Senhor, que o sol nasceu/Obrigado, Senhor/Agradeço, obrigado, Senhor”. O agradecimento deve ser um hábito cotidiano. A cada nascer do sol devemos manifestar nossa alegria por Deus estar nos oferecendo a oportunidade de colocar mais um dia na nossa passagem pelo plano terreno.

“Por isso, eu digo/Obrigado, Senhor, pelas estrelas/Obrigado, Senhor, pelo sorriso/Obrigado Senhor/Agradeço, obrigado, Senhor/Mais uma vez/ Obrigado, Senhor, por um novo dia/Obrigado, Senhor, pela esperança/Obrigado, Senhor, pela esperança/Obrigado, Senhor, pelo perdão/Obrigado, Senhor, pela natureza/Obrigado,Senhor, por tudo isso”. Roberto encerra o seu canto de agradecimento a Deus, exaltando a presença das estrelas no firmamento e a graça divina de poder sorrir. Afirma-se grato por ter a esperança no seu coração, por ver que tem o Seu perdão nas falhas que porventura tenha cometido. Manifesta gratidão, enfim, por tudo o que lhe é proporcionado na vida.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.