Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Opinião

A luta continua


26/12/2023

É importante continuar a lutar. Até porque estamos vendo que ela não tem sido em vão. Terminamos o ano, contabilizando vitórias e conquistas e graças a isso o destino de nosso país está mudando para melhor. Enfrentemos as hostilidades com um sorriso. Desarmemos os espíritos dos que insistem em disseminar os discursos de ódio. Não permitamos que, jamais, sejamos vítimas das armadilhas do conformismo.

Não é tempo de descanso. A nossa consciência crítica exige que a luta seja permanente, enfrentando aqueles que seguem atacando o campo democrático popular. Não há fechamento de ciclo quando as feridas ainda estão abertas e latejantes. O que muda é a forma como devemos encarar cada situação. Não é hora de se colocar ponto final nessa luta. O tempo que chegou precisa ter continuidade. A página sombria da nossa História ainda não foi totalmente virada. È responsabilidade nossa dar seguimento a esse esforço. “Quem sabe faz a hora. Não espera acontecer”, como nos ensinou o conterrâneo Geraldo Vandré.

Os ideais autoritários não morreram. As bolhas ideológicas da extrema direita teimam em buscar atingir seus interesses na política e nas disputas eleitorais. Daí a necessidade de que se ampliem os espaços cívicos e democráticos. É certo que sobrevivemos às tentativas de intervenção político-ideológica que objetivavam desconstruir o regime democrático conquistado em 1985, quando foi escrita a Constituição Cidadã, como a classificou Ulysses Guimarães. Porém, ainda persiste uma ameaçadora polarização política em nosso país.

O relatório Variações da Democracia, de instituto ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, publicado em março de 2021, apontava que o Brasil era o quarto país que mais se afastou da democracia, a partir de 2015, envolvendo 202 países analisados. Só perdemos para a Turquia, a Hungria e a Polônia. Portanto, essa semente plantada não foi destruída em definitivo. Ela prossegue perigosamente germinando.

A verdade é que a eleição presidencial do ano passado fez com que esse processo de instalação de uma autocracia fosse desacelerado. No entanto, essa onda autocrática global a que estávamos integrando não foi contida de forma definitiva. Segundo o mesmo relatório “os processos de Índia, Turquia e Brasil, apesar de estarem em estágios diferentes, seguem um mesmo roteiro. Primeiro, um ataque à mídia e à sociedade civil, depois o incentivo à polarização da sociedade, desrespeitando os opositores e espalhando informações falsas, para então minar as instituições formais”. A retórica golpista não desapareceu e continua alimentando o conspiracionismo.

Tem uma frase de Paulo Freire que nos anima continuar na luta: “Enquanto eu luto, sou movido de esperança”, pois estamos revertendo a situação a cada dia. Sejamos, então, combatentes na esperança.

Rui Leitão


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