É muito fácil identificar indivíduos que têm tendência compulsiva para mentir. São os mitômanos. Eles estão entre os que conosco convivem, mas estão também no ambiente político. Nessa seara, eles mentem com tanta desfaçatez que parecem acreditar nas próprias mentiras. Apesar de ser um transtorno psicológico, fazem desse desvio de personalidade um artifício para articular seus discursos, na convicção de que estão conseguindo enganar os que lhes dão audiência.

São produtores de histórias mirabolantes. Muitas delas até absurdas e irracionais. Quando são flagrados na mentira, fazem do ataque a melhor defesa, no propósito de desviar a atenção para não assumirem a culpa da falsa informação apresentada. Nunca aceitam que foram descobertos na mentira. Utilizam-se, então, da dissimulação como estratégia de proteção. A humildade, a lucidez, a responsabilidade, a credibilidade, a honestidade, são características incompatíveis com suas personalidades.

O mais grave é que os políticos mentirosos existem porque seus eleitores querem ser enganados, para continuarem sonhando que tudo será diferente enquanto seus líderes estiverem no poder. Eles buscam romper a barreira do inacreditável apelando para o emocional. Quando se veem como um messias, sempre acham que suas mentiras são por um bem maior. Principalmente quando se valem delas para se livrarem de suspeitas de falcatruas feitas em proveito próprio.

O uso da mentira com finalidades políticas tem o objetivo de, em distorcendo as verdades, se consiga resultados válidos para as pretensões de manutenção no poder. Pode ser manejada como uma arma tanto de ataque, quanto de defesa. O ato de mentir exige a capacidade de inventar, construir o engano. O político mentiroso faz isso por necessidade de sobrevivência no universo em que atua. Daí nunca se sentir constrangido em fazê-lo.

Precisamos sempre estar atentos para não nos deixarmos ser iludidos pelos que fazem da mentira um instrumento do exercício na política.