Faltando apenas dois dias para a votação em segundo turno em João Pessoa, que acontece neste domingo, 29 de novembro de 2020, não há como deixar de registrar um panorama absolutamente inacreditável se estivéssemos em 2018, projetando o futuro à época, sem ninguém prever a volta do ex-prefeito Cícero Lucena à Prefeitura da Capital frente à derrocada politico-eleitoral do então maior líder de nome no Estado, Ricardo Vieira Coutinho.

A rigor, já exibindo Certidões Negativas com trânsito em julgado pelo TCU e Justiça Federal, Cícero talvez imaginasse ter de ir às urnas contra o próprio Ricardo Coutinho para tirar a limpo as muitas acusações superadas de quem foi vítima do líder socialista, mas nem disso precisou diante de manifestação popular nunca imaginado de alijá-lo do processo ainda com graves problemas para enfrentar.

É simples: de novembro de 2018 em diante quando começaram as delações e prisões que culminaram com a Operação Calvário, a partir daí começou a desmoronar a força do mais importante líder socialista da Paraíba na contramão do desenlace do processo contra Cícero, revigorando nele a condição de Ficha Limpa, o inverso do carimbo dado ao ex-governador e ex-prefeito do PSB.

Independentemente de aspectos analíticos da história recente de João Pessoa, o que mais deve perturbar a consciência de Ricardo Coutinho é a manifestação livre do eleitorado aplicando o juízo de valor espontâneo de punição braba, deixando-o em sexto lugar, logo ele que sempre fora o maioral nas urnas.

O fato é que, segundo todas as pesquisas existentes no segundo turno, a expectativa é de que Cicero Lucena deve ser eleito no próximo domingo sem precisar enfrentar Ricardo Coutinho, combalido e também duramente punido, iniciando novo ciclo sem expelir ódio e vingança, e registre-se que isto representa maturidade e conduta republicana.

Eis o saldo do significado da Democracia conduzindo consigo a filosofia pura de Maria Júlia lá na Torrelândia, na qual o juízo popular se impõe: “aqui se faz, aqui se paga”. Mais ainda: “é para frente que se anda”.

PAPEL DE JOÃO AZEVÊDO
Neste processo de 2020, no caso de Cícero, percebe-se o papel determinante do deputado federal Aguinaldo Ribeiro nas articulações, mas em que pese esse estágio de êxito reconhecido, o candidato do Progressista não teria chegado ao patamar de agora se não fosse a figura do governador João Azevêdo, sacrificando candidatura própria do Cidadania para apoiar Cícero Lucena.

Foi a estrutura de Governo que rivalizou e venceu a máquina da Prefeitura e construiu mais do que um discurso a real possibilidade de, enfim, as duas grandes estruturas trabalharem unidas pela retomada do desenvolvimento de João Pessoa – algo que é fundamental.

É deste cenário maior, envolvendo todo o estado, que surgem as condições de projeto exequível de João Azevêdo candidato à reeleição em 2022.

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“Seja princesa, seja lavadeira, pra subir mais alto vai ter que suar…”