Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A imparcialidade


11/03/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Como é difícil ver o mundo com o olhar da imparcialidade. Somos dominados por sentimentos, por isso mesmo, movidos a paixões, o que vem em prejuízo da prática da racionalidade quando temos que julgar ou adotar uma postura que exija equilíbrio e equanimidade. Nossa capacidade de analisar situações é sempre resultante das influências culturais que formaram nossa personalidade e das forças emocionais que nos induzem a formular juízos de valor.

Mas todos nós estamos sempre cobrando o exercício do princípio da imparcialidade, seja no campo da justiça, seja na área da informação midiática, seja na aplicação de medidas disciplinares em processos administrativos. O ideal é que as decisões, sejam elas quais forem, tenham sempre a marca da isenção, da neutralidade, do tratamento igualitário. Uma opinião formada deve ser, preferencialmente, construída a partir da ausência de preconceitos e de interesses pessoais em detrimento do senso comum.

Para tentarmos ser minimamente imparciais é preciso que nos examinemos primeiro com a visão crítica de quem observa os próprios defeitos e as próprias deficiências. Antes de julgar os outros, adotarmos uma posição de autoavaliação. Aí sim ganharemos condições de assumir convicções e conceitos que nos permitam estabelecer sentenças de julgamento sobre o que estiver sobre a nossa responsabilidade de arbitramento.

O princípio da imparcialidade é previsto inclusive na nossa Carta Magna, mas será que esse preceito constitucional é observado na prática? Claro que não. E dificilmente será, porque o ser humano não consegue se afastar das suas predileções, preferências, inclinações. Por mais esforço que se faça, por melhor que sejam as intenções, os sentimentos humanos estarão presentes na ocasião em que a balança da justiça ou a definição de uma escolha, tenham que pender para um dos lados.

Mas vale a pena tentar. Pior é se resignar com a recorrente aplicação da parcialidade em tudo o que possa dizer respeito à nossa vida. No entanto, convém antecedermos a experiência da conduta imparcial no que fazemos, para que então possamos exigir postura igual dos demais.

• Integra a série de textos “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.


 


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