Geral
A idolatria cega
05/11/2012
Foto: autor desconhecido.
Assistindo nesta semana a um documentário sobre Hitler, fiquei a refletir como a humanidade não consegue se libertar dessas mentes doentias que, vez por outra, elege como seus dirigentes ou líderes. A história do século XX é pródiga em manifestações dessa ordem. Homens que assumem o poder e conseguem exercer um feitiço coletivo que faz com que uma enorme quantidade de pessoas os vejam como divindades, salvadores da pátria, semi-deuses. É o que chamamos de idolatria cega.
Na idolatria pessoas são colocadas num pedestal, sem que se percebam seus defeitos, como se o planeta se movimentasse por causa deles. O culto à personalidade dessas figuras conhecidas na história universal resulta, via de regra, de uma bem montada estratégia de propaganda, como aconteceu através da inteligência de Goebels em favor de Hitler. O messianismo, ideologias reveladas como verdades absolutas, conceitos e valores totalitários, fundamentam esse marketing.
O povo se guia, então, muito mais pelo sentir do que pelo pensar. Perde a sua capacidade crítica. Vislumbra no seu líder poderes sobrenaturais, assumindo ares de religiosidade. Nele se resumem as esperanças de solução de todos os problemas coletivos.
Os detentores de poder onde se verificam, ao longo do tempo, esse fenômeno da idolatria, são, com raras execções, homens que subliminarmente impoem suas idéias, atraindo em torno de si um grupo de fiéis seguidores. Ficam acima do bem e do mal, porque possuem uma extraordinária capacidade de manipular pessoas, fazem bom uso da retórica e são calculistas.
Comumente chamados de ditadores se encantam pelo poder de mandar e desmandar ao seu bel prazer. Há quem diga que todo ditador é psicopata. O psicopata não tem sentimentos, ele não tem sequer a noção de piedade, remorso, respeito ao próximo, até porque ao seu entendimento se coloca acima de todos, não tem próximo portanto. Na sua mente doentia acredita verdadeiramente que qualquer mal praticado vem em favor de uma causa que elegeu como prioridade, ainda que seja em seu próprio e exclusivo benefício. Por isso mesmo, tratam de forma opressora, e quase sempre, perversa, seus oponentes ou dissidentes. Seus fanáticos admiradores não aceitam qualquer crítica ao idolatrado.
As sociedades contemporâneas, por mais politizadas que sejam, não conseguem se libertar dessa perigosa forma de prática política. Será que podemos sonhar com um dia em que o povo não outorgue mandatos aos que, no poder, se transformem em ditadores?
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