Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

A greve no mundo Pós-Real


07/06/2007

Foto: autor desconhecido.

Como princípio, em qualquer condição histórica em que se esteja, sempre se faz recomendável acatar para o debate as aspirações das classes trabalhadoras, sobretudo pela importância que representam no contexto do trabalho e da vida social como um todo. Mesmo assim, no Brasil Pós-Plano Real, há casos e casos a merecer tratamento distinto.

Longe das teses, aproximemos esse foco para a questão das greves recentes da Polícia Civil e da Educação. Embora sejam categorias inseridas no contexto do funcionalismo estadual, têm a rigor situações distintas, mesmo com a importância pontual que cada uma delas representa na vida social.

A dos Policiais, segundo constam no noticiário, resolveu recuar e/ou partir para uma nova rodada de negociações com o Secretário Eitel Santiago, enquanto perdura a do setor de educação. E, olhem, que nesse caso dos policiais há uma necessidade real de reparos no bolso de seus integrantes, muito mais do que no setor educativo (em tese).

Engraçado (com toda vênia porque greve não se pode subestimar!) é que, na lógica, imaginava-se ser o segmento do magistério quem pudesse ter adotado a suspensão do movimento porque, na prática, está relativamente com uma condição melhor aquinhoada ao longo dos últimos anos mais do que a dos policiais civis.

Para compreender, voltemos à tese inicial da fase Pós – Plano Real. Nenhuma categoria profissional pode ignorar o fato de que a economia brasileira passa por um novo processo de estabilização da moeda nunca vista, depois de banida a hiperinflação, gerando ganho real no valor de compra do Salário Mínimo – estendendo-se nesse caso às demais faixas salariais – portanto quaisquer percentuais adicionados na barganha é fator de se agregar ganho real, que, repito, não pode ser ignorado.

Não sou louco para dizer que os níveis salariais estão no patamar desejado – claro que não estão, mas o mundo econômico pós-real tem gerado a distribuição da renda (segundo todas as pesquisas) em patamar gradativo, mas nunca visto antes.

Em síntese, sindicato é pra lutar e governo pra sofrer, mas o bom senso deve imperar sempre em qualquer condição, sobretudo quando se tem ganho real.

Ignorando essa condicionante, a motivação real da greve está em outros valores, geralmente políticos.


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