Há uma frase do pensador Alan Vaszatte que define bem o ensinamento que meu pai nos transmitiu em vida: “A gratidão é uma forma singular de reconhecimento. O reconhecimento é uma forma sincera de gratidão”. Essa afirmação vem a propósito da lembrança dos acontecimentos de final de 1958, quando minha família começou a experimentar uma mudança de vida para melhor.

Passamos a residir numa casa própria adquirida com financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Situava-se na Avenida Coronel Sérgio Dantas, em Jaguaribe. Quando para lá nos mudamos só existiam cinco casas. Lá vivi o restante da minha infância, minha adolescência e o início de minha vida adulta.

A realização desse sonho não teria acontecido não fosse a nomeação de meu pai, em cargo efetivo (na época não existiam os concursos públicos), para a função que equivalia a de agente fiscal do Estado. O que correspondia a um salário muito maior do que até então percebia, além da garantia da estabilidade de emprego. Foi o passaporte para uma nova vida.

Dele, sempre ouvimos a proclamação do seu reconhecimento e gratidão a dois homens públicos aos quais todos nós prestamos reverências e homenagens às suas memórias: Elzir Matos e Pedro Gondim. O primeiro na condição de Secretário de Finanças do governo estadual. O segundo no exercício do governo. Eles fizeram a diferença em nossas vidas.

Aprendi com meu pai o quanto é importante cultivar esse sentimento de dívida emotiva em relação a alguém que nos prestou uma ajuda, um benefício, um amparo, um socorro, em algum momento da nossa existência. Agradecer faz bem a alma. É uma virtude que se eterniza no espírito. Quando fazemos da gratidão um hábito, valorizando as bênçãos que recebemos diariamente, abrimos o coração para o bem estar com nossa própria consciência.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.