Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

A fome não tem ideologia


27/12/2021

É muito triste perceber que vem aumentando a quantidade de brasileiros que passam a viver à margem da sociedade. Pessoas que estão em processo de exclusão social, dependentes de auxílios de terceiros para garantirem sua sobrevivência. Como mudar essa situação, é a pergunta que não quer calar.

Estamos correndo o risco de nos tornarmos o epicentro da fome. O poder de compra das famílias cada vez diminuindo mais. As estatísticas de desemprego ou subemprego são alarmantes, provocando pobreza e subnutrição. Claro que a pandemia pode ser considerada um dos fatores causadores dessa situação. Mas, também é inaceitável que não haja preocupação em implementar programas sociais que amenizem esse grave problema que nos assusta. Os cenários de vulnerabilidade social se intensificam, sem a devida resposta dos que têm a responsabilidade de encontrar meios de superar o caos socioeconômico que se instalou.

Esse é um tema que obrigatoriamente tem que estar na pauta política do ano que vamos iniciar. Principalmente por se tratar de um ano eleitoral. E não me venham com o discurso de que esse debate é mais interessante para os que militam na esquerda. O combate à fome não pode ter ideologia. O que não pode acontecer, é a miopia governamental quanto a esse objetivo. Isso é, antes de tudo, um princípio de solidariedade humana, independente de cores ideológicas ou partidárias.

Seja qual for o governo a ser eleito, terá que colocar o combate à fome no centro das políticas públicas a serem executadas, tratando com responsabilidade as questões a ela relacionadas, tais como a oferta de emprego e a erradicação da pobreza extrema. Não há como perguntar a quem está passando fome se é de esquerda ou de direita. Qualquer governo será bem visto pelos pobres se lhes fizer chegar o básico para a sobrevivência, o suficiente para vencer a dor de cada dia. E muitos se aproveitam disso para, ao invés de adotarem programas sociais de durabilidade, consistentes, se dedicam a praticar políticas emergenciais de curta duração, mas que atendam objetivos populistas. O importante e necessário é que o Estado do bem-estar social, garanta a todos, indistintamente, conforme exige a Constituição, trabalho, habitação, saúde e educação de qualidade. As urnas decidirão em outubro de 2022, se esse tema deva ser tratado com a especial atenção que merece.


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