Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A falta de um pulso firme


27/11/2016

Foto: autor desconhecido.

 

O que se espera de um líder é que ele saiba exercer a autoridade que lhe é conferida. Quem assume a responsabilidade de comandar não pode jamais passar a imagem de alguém que hesita em tomar decisões. O chefe precisa ter firmeza de atitudes para que seja respeitado. A percepção de fragilidade na postura de mando pode provocar a ingovernabilidade. Há uma célebre frase de Camões que diz: “um rei fraco, faz fraca a forte gente”.

Quando o medo de entrar em conflitos leva o comandante ao conformismo pessoal, evitando administrar com pulso firme as querelas que lhes são apresentadas, passamos a vislumbrar um perigoso vácuo de autoridade. Nos momentos de crise é que se faz necessária a determinação de um comando forte, corajoso. Só assim o coletivo se energiza para enfrentar as tempestades, porque confia no seu condutor. Tem a convicção de que a orientação do caminho a seguir foi feita com a segurança de uma personalidade que sabe liderar.

Ou será que a frase de Camões pode ser compreendida em sentido contrário: “uma gente fraca pode produzir um rei fraco”? Sim, porque a passividade e a submissão sem qualquer reação, autoriza o governante a ser um “vacilão”, um comandante que age de forma a não causar desgosto a alguns que defendem interesses particulares, ainda que em detrimento das demandas sociais. A massa desprovida de consciência crítica termina por aceitar lideranças incompetentes e incapazes.

A coragem moral, o respeito à ética e o carisma, são características essenciais para quem quer exercer o poder. Na falta de qualquer um destes atributos, caímos na assustadora percepção de que estaremos num temporal, com o barco à deriva, sem ter a quem confiar vencer as ondas bravias e nos levar de volta ao mar calmo e tranquilo.

A liderança tem que se apresentar como exemplo de segurança no que faz e no que diz, competência para decidir. Ter pulso firme na hora em que for preciso adotar resoluções que possam circunstancialmente desgostar pessoas do seu círculo íntimo de governança, mas que se fazem necessárias para garantia dos princípios da austeridade e da justiça social. Pensemos nisso.

 

 

 


 


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