Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

A extrema direita que saiu do armário


16/04/2024

 

As mídias digitais voltaram a ser dominadas pela extrema direita, propagando mentiras contra o governo. Investindo forte na guerra cultural. Procurando consolidar o movimento conservador e reacionário como carimbo identitário. Adota o falso discurso moralizante, defende a ideia do ultranacionalismo, cerceia os movimentos sociais, com o objetivo de promover um parasitismo ideológico na população.

Não há uma nova direita no Brasil. Essa que saiu do armário desde o golpe de 2016 é bem semelhante à que instalou por mais de duas décadas uma ditadura militar em nosso país. Vejamos como nada mudou. Suas bases ideológicas continuam sendo: o anticomunismo, o alinhamento aos interesses imperialistas norte-americanos, o fundamentalismo religioso, a militarização na politica, a retórica do ódio e da intolerância, a difusão de fake news, o combate a governos progressistas, dentre outros fundamentos utilizados por seus integrantes.

Esse ativismo digital em curso, fez desaparecer o fenômeno da direita envergonhada, partindo para a construção de laços coletivos com base na compreensão ilusória da realidade e estimulando o antagonismo em prejuízo do que se possa entender como uma sociedade plural. O inimigo político é demonizado, na definição de que nele estão concentradas todas as mazelas sociais. E, portanto, se faz necessário elimina-lo a qualquer custo. Não podemos esquecer que um dos seus principais líderes disse, em alto e bom som, como se estivesse utilizando uma metralhadora num palanque: “vamos fuzilar os petistas”. Essa é a linguagem beligerante naturalmente utilizada. Não se reconhece a legitimidade do adversário ou daquele que se posiciona de forma discordante.

A identidade populista da extrema direita no Brasil apenas mudou de nome, recebendo a classificação relacionada ao seu principal líder no momento: bolsonarismo. A direita que se escondia envergonhada ressurge como extrema direita antidemocrática mantendo uma postura conspiracionista, como era quando do Golpe de 1964. Quem se insere nessa bolha ideológica percebe o mundo apenas sobre a ótica que lhe foi induzido a acreditar como sendo a verdadeira. É como se fosse uma epidemia, uma doença, um surto de amnésia coletiva. É flagrante o flerte com o fascismo.

O que se vê é uma massa reacionária querendo subverter o sistema democrático para se servir do Estado. A extrema direita correspondendo ao seu comportamento histórico autoritário, na tentativa de solapar a Constituição Cidadã de 1988. O cultivo do ódio é um elemento mobilizador permanente, criando um risco existencial para a Nova República pós-ditadura militar.

É dever patriótico enfrentar essa extrema direita que procura se rearticular. As forças que desejam transformações sociais não podem se sentir emparedadas pelos golpistas. Reconstruir e pacificar o país é tarefa gigante, que exige, principalmente, sensatez institucional e coragem cívica.

Rui Leitão


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