Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A extinção da ARENA e do MDB


29/10/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Após a anistia, embora restrita, o passo seguinte no processo da redemocratização seria a reforma política. Era preciso, portanto, fazer uma reorganização partidária. Durante a ditadura tivemos o bipartidarismo, com a ARENA atuando como agremiação de apoio ao governo e o MDB se apresentando como uma oposição consentida.

Os cérebros políticos do governo, Golbery e Portella, entendiam que o fim do bipartidarismo poderia dividir as oposições. Em novembro de 1979 redigiram um projeto que previa a extinção dos partidos, mas mantinha o instituto das sublegendas nas eleições municipais. Houve reação de desaprovação por parte dos emedebistas e dissidentes da ARENA, entre eles o deputado paraibano Antônio Mariz.

A sessão do dia vinte e oito de novembro foi uma das mais tumultuadas da história do Congresso Nacional. Teve início as oito e meia da noite, com acaloradas discussões e barulhenta presença nas galerias, fazendo com que fosse suspensa por três vezes na tentativa de acalmar os ânimos.

Já passava das duas horas da madrugada quando foi proclamado o resultado, com 229 deputados votando pela rejeição ao projeto original e 171 a favor. No Senado repetiu-se a derrota do governo, pelo placar de 41 a 25. Prevaleceu então o substitutivo defendido pelo MDB com apoio de vários parlamentares arenistas.

A democracia ganhava mais um avanço. As novas legendas a serem criadas teriam necessariamente que serem precedidas da palavra “Partido”. De qualquer forma o governo apostava no pluripartidarismo como forma de enfraquecer a força da unidade oposicionista que se afirmava em razão da grave crise econômica que o país vivia.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.