Geral
A ética na Política
06/01/2008
Foto: autor desconhecido.
Há, atualmente, uma onda de informações projetando o enriquecimento de agentes políticos do Estado em patamar inconsistente ao histórico patrimonial, se levado em conta o desempenho ocupacional de antes e de agora, portanto, tem algo no ar além dos aviões de carreira.
Devo, em tempo, considerar absolutamente normal a luta que transforma trabalho em crescimento patrimonial, mesmo assim os parâmetros para a ascensão precisam estar harmonizados com a conjuntura, porque ninguém enriquece de um dia para outro, especialmente quando se trata de atividade política.
Fixo-me na conduta e história política, especificamente, porque convivi e me acostumei a lhe dar com gente poderosa no mundo político paraibano, mas muito rigorosas no trato das coisas públicas.
Para não me alongar muito, cito os casos de Antonio Mariz e Humberto Lucena homens públicos de notoriedade e reconhecimento nacional mas que morreram como classe média alta sem deixar fortunas para seus ente queridos.
Ao contrário, em todas as campanhas Mariz, invariavelmente, recorria a empréstimos que os saldava sempre pós campanha porque a norma é o candidato sair com dividas e nunca lucros. Até após sua morte, a família ainda cuidou de honrar compromissos da campanha de governador. Este é o perfil do qual me acostumei a conviver.
Por que isso? Porque Mariz e Humberto sempre entenderam o exercício político pela cultura do sacerdócio, isto é, da dedicação que tinham aos seus eleitores/paraibanos /brasileiros, através das grandes bandeiras de luta sem nunca admitir qualquer negócio, sobretudo de natureza financeira, que os levassem ao enriquecimento ilicito.
Dito assim, volto a dizer, costumo aplaudir o sucesso alheio, especialmente quando construído com suor e trabalho, entretanto, começo a ouvir com insistência conversas de bastidores apontando casos em que, o exercício da atividade política parece ter virado balcão de negócios no paralelo gerando conquistas patrimoniais contestáveis do ponto de vista da construção desse mesmo enriquecimento.
Ultimamente, de fato, os indicativos de ascensão patrimonial em alguns casos só fazem crescer a descrença, mesmo com os avanços registrados ali ou acolá.
O Bolero da Intriga
O fim-de-semana na Praia do Jacaré voltou a atrair uma quantidade enorme de turistas e visitantes comuns da Grande João Pessoa para acompanhar momentos especais do Por- do – sol transformado em espetáculo desde que o Bolero de Ravel passou a servir de musicalidade em tom de cronômetro acompanhando a descida do astro-rei por entre as colinas do lado posterior ao rio.
Mas, o que sempre significou beleza incomum, nos últimos dias se transformou em disputa bizarra e briga irracional entre atores da sobrevivência econômica da área ( dois dos tantos bares ) criando poluição sonora quando, na hora da execução do bolero, os vários sons nas alturas estragam o contexto da beleza do por do sol.
Ontem e hoje, por diversos momentos no Jacaré, ouvi queixas de muitos turistas presentes ao local, bem como da presidente da Pbtur, Cléa Cordeiro, corroborando no coro geral censurando o Bolero da Intriga.
Como todos sabem, tudo começou com a animadora cultural Nora quando ainda da existência do Bar homônimo à praia deflagrando a partir daí a execução, por acaso, do Bolero de Ravel passando na seqüência a atrair muita gente e, posteriormente, shows musicais continuados no local.
Mais adiante, Nora ao arrendar o bar ao músico Jurandir do Sax não sabia que estava abrindo uma nova temporada quando o saxofonista introduziu a exibição (ele próprio) do Bolero em um barco conduzido por um pescador. Com o advento da tecnologia também avançando no campo dos equipamentos de som, o microfone sem fio adotado por Jurandir gera a captação do solo à distância no bar acima, à beira do rio.
A novidade fez tanto sucesso que até a França reconheceu a façanha do músico levando-o a fazer uma apresentação no túmulo do renomado compositor, ano passado, quando do ano brasileiro na capital francesa.
Só que, passados os meses, diante da constatação do crescimento dos negócios nos bares à beira do rio, exatamente quando da instalação do restaurante Golfinho em diante, desentendimentos entre proprietários do
Bar com o artista, o caso acabou na justiça com sentença dada considerando o uso do barco como de exclusividade de Jurandir, mas admitindo a possibilidade de som diferente no referido restaurante. É ai que começa o atrito e a incivilidade diante da poluição sonora.
Pelo sim, pelo não, diante da crescente reação contrária ao fato registrado está mais do que na hora da Prefeitura de Cabedelo, o ministério público e, sobretudo, o bom senso vingar como consenso entre as partes para que possamos, todos, usufruir do Bolero de Ravel com tranqüilidade e contentamento.
Impressiona como na Paraíba tudo termina em divisão infrutífera e contra-producente.
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