Opinião
Á espera das 72 horas
10/02/2025

Viaturas policiais em frente ao Supremo Tribunal Federal após explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília 13/11/2024 (Foto: REUTERS/Tom Molina)
Quantas vezes os golpistas esperaram as 72 horas prometidas para que acontecesse o que eles desejavam: o impedimento da posse de Lula ou a sua destituição, com o retorno ao poder do ex-presidente, agora inelegível. Sempre era dada a eles a esperança de que, num prazo de 72 horas, os rumos da política mudariam em favor da trama golpista. Através das redes sociais, as lideranças da extrema direita alimentavam a expectativa dos seus seguidores, sempre definindo um prazo de 72 horas para novos acontecimentos.
Tudo isso seria cômico, se não fosse trágico. Até hoje fico me perguntando por que 72 horas, e não 48, 90, 120? Qual a razão dessa estranha cronometragem? Os manifestantes confiavam piamente nessas repetidas promessas. Na verdade eram mensagens que tinham o significado de orientá-los a não perderem as esperanças e continuarem na resistência. Presume-se que esse era o prazo que algumas autoridades militares, hoje já bastante conhecidas em razão do relatório da Polícia Federal, conseguissem convencer o alto comando das Forças Armadas a aderir ao projeto de ruptura democrática. As frustrações se repetiam, da mesma forma que as promessas.
A democracia brasileira foi severamente testada, mas resistiu bravamente. As mentiras e a desinformação que entusiasmavam os manifestantes, postados por meses em frentes aos quartéis do Exército, eram confirmadas a cada vez que o prazo de 72 horas se vencia. As conspirações fracassaram. Embora, permaneçam maquinando uma maneira de avançar nos planos golpistas.
As tentativas de insurreição marcadas por diversos atos antidemocráticos, tinham o propósito de provocar a deflagração de um golpe de Estado, através de uma intervenção militar. Apostaram e trabalharam no caos social, confiando nos discursos e no tensionamento político que ainda hoje persistem. Os projetos políticos da extrema direita foram derrotados nas urnas e pela reação das instituições democráticas. Sábado último, fizeram novo anúncio na expectativa de que em 72 horas “o secretario geral de Trump apresentará as provas de que Alexandre de Moraes fraudou as eleições de 2022”. O mais impressionante é que eles acreditam nisso.
Todavia, nós, os democratas, não devemos ficar no otimismo de que ‘nossas instituições continuam fortes’ ou que ‘a sociedade não aceita mais golpes de Estado”. A serpente do fascismo continua viva. Todo cuidado é pouco.
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