Nos filmes é comum vermos vilões assumirem o controle dos canais de comunicação ou desligarem a energia de cidades inteiras criando cenários de caos e manipulação. O que antes parecia ficção agora se revela uma ameaça real e cada vez mais frequente no mundo moderno.

Em menos de 10 meses dois grandes colapsos expuseram a vulnerabilidade crítica da sociedade hiperconectada: em julho de 2024 uma falha operacional na CrowdStrike empresa de cibersegurança causou interrupções massivas em companhias aéreas telecomunicações e serviços hospitalares ao redor do mundo. Agora em abril de 2025 um apagão elétrico histórico fez a Espanha perder 60% da sua capacidade energética em apenas cinco segundos afetando também Portugal e parte do sul da França.

Do digital ao físico a mensagem é a mesma: estamos vivendo na era dos apagões. Uma única falha técnica humana ou criminosa pode desencadear um efeito dominó que paralisa serviços essenciais coloca vidas em risco e desestabiliza a ordem pública.

O colapso da CrowdStrike mostrou como poucos atores detêm o controle das cadeias de operação digital globais. O apagão europeu por sua vez escancarou que até a energia elétrica base da vida urbana pode ser vulnerável quando dependemos de redes ultraconectadas e frágeis.

Essa realidade nos aproxima de uma nova era: o feudalismo digital. Não são mais castelos ou exércitos que definem o poder mas servidores redes de comunicação e infraestruturas críticas. Alguns poucos gigantes invisíveis concentram a capacidade de manter ou de derrubar tudo aquilo que sustenta a vida moderna.

A diferença entre os eventos é apenas o meio a consequência social é a mesma: paralisação medo e caos. Ambos revelam que a segurança não se limita mais à proteção de dados ou de redes energéticas ela se tornou uma questão de soberania e estabilidade social.

Ter planos robustos de resposta a incidentes investir em infraestruturas resilientes e adotar uma abordagem integrada de segurança são medidas urgentes. Hoje a interconexão dos sistemas globais nos torna tão fortes quanto nosso elo mais fraco.

A era digital deveria nos libertar mas se não houver vigilância e descentralização responsável corremos o risco de voltar a uma nova Idade Média na qual poucos controlam o essencial e o colapso de um único senhor pode lançar milhões de pessoas na escuridão.

A nova Idade Média digital já começou. Estamos na era dos apagões. E a próxima falha pode estar a apenas um clique um erro ou um descuido de distância.