No Brasil, a primeira transmissão radiofônica aconteceu durante a Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro de 1922. Na oportunidade o público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, o paraibano Epitácio Pessoa, e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal. No entanto, durante os primeiros dez anos de sua existência, o rádio tornou-se um equipamento elitista, pois os aparelhos eram caros e quem os adquirisse pagava uma taxa para ter acesso ao receptor. A programação concentrava-se na transmissão de óperas e música clássica.

A partir de 1930, no governo Getúlio Vargas, aconteceu a grande mudança que deu início à chamada “Era do Rádio”, até a chegada da televisão, em 1960. A radio difusão foi regulamentada, abolindo as taxas pagas pelos ouvintes para os aparelhos instalados em casa. Os anúncios comerciais passaram a ser permitidos no rádio. As emissoras comerciais elaboraram uma programação diversificada, com atrações musicais, humor e radioteatro. Tornou-se, então, o principal veículo de comunicação de massa no Brasil, proporcionando uma mudança significativa na vida das pessoas. Milhões de brasileiros puderam ter acesso a notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e de variedades. Foi utilizado como poderoso instrumento de propaganda política, influenciando a mentalidade e a cultura do país.

Havia uma disputa acirrada pela audiência dos ouvintes, exigindo que as emissoras desenvolvessem esforços para lançar novos artistas em shows de calouros, proporcionando o surgimento de grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Ary Barroso, Dalva de Oliveira e Orlando Silva. As irmãs Cármen e Aurora Miranda, em 1936, gravaram a canção “Cantores do Rádio”, de Lamartine Babo, Braguinha e Alberto Ribeiro, considerado um dos ícones desse período em que o rádio tornou-se uma paixão dos brasileiros. A letra dessa canção ficou imortalizada na memória nacional: “Nós somos as cantoras do rádio/Levamos a vida a cantar/De noite embalamos teu sono/De manhã nós vamos te acordar. Nós somos as cantoras do rádio/Nossas canções cruzando o espaço azul/Vão reunindo num grande abraço/Corações de Norte a Sul”.

Aqui na Paraíba a PRI-4, inicialmente como Rádio Difusora, e depois denominada Rádio Tabajara, teve atuação importante nessa “Era do Radio”, especialmente nas décadas de 40, 50 e 60, transformando-se num palco para artistas locais e nacionais, nos programas de auditório animados pela dupla Paschoal Carrilho e Gilberto Patrício. Consolidou-se como um centro de cultura e de entretenimento, com a promoção de cobertura jornalística, transmissões esportivas, organização de eventos e valorização da cultura estadual. A Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, que ganhou fama no mundo inteiro, foi criada nos palcos da emissora pioneira do nosso estado.

A Era do Rádio deixou um grande legado no Brasil, tendo sido responsável por influenciar a cultura brasileira de várias formas, revelando talentos, promovendo debates políticos, proporcionando momentos de diversão para milhões de pessoas. Ao contrário do que muita gente chegou a imaginar, mesmo com o avanço tecnológico, o rádio continua presente na vida cotidiana das pessoas como instrumento de entretenimento e receptor de informação.