Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A eleição dos senadores e deputados


15/07/2015

Foto: autor desconhecido.

Tivemos em 1970 duas eleições estaduais, uma indireta para escolha do governador e vice, realizada no dia 03 de outubro, e outra com o voto popular, para eleger dois terços da representação no Senado (duas vagas) e a composição das bancadas paraibanas na Câmara Federal e Assembléia Legislativa, ocorrida no dia 15 de novembro.

A antecipação da eleição para Governador já tinha o objetivo de fortalecer o palanque da ARENA, uma vez que contaria com a presença de quem estaria à frente da administração estadual nos próximos quatro anos na campanha do pleito para o parlamento. O partido do governo conseguiu ampla maioria no país, consagrando vitoriosos quinze senadores, enquanto o MDB só elegeu cinco, o mesmo acontecendo para a Câmara de Deputados. Na Paraíba, além da eleição dos dois senadores, a ARENA fez cinco deputados federais e quinze estaduais, tendo Antônio Mariz como o mais votado para a Câmara e Múcio Sátyro, sobrinho do governador eleito, para a Assembléia. O MDB, por sua vez, elegeu três deputados federais e nove estaduais.

Em princípio julgava-se que teríamos uma eleição bastante acirrada porque o MDB colocava na disputa dois dos seus mais expressivos líderes políticos: Argemiro de Figueiredo e Humberto Lucena. Enquanto a ARENA apresentava dois candidatos não muito conhecidos da população: Milton Cabral e Domicio Gondim, ambos sem residência fixa na Paraíba.

João Agripino demonstrou toda a sua força de liderança ao apostar nessa chapa e sair vitorioso. Pouca gente acreditava nisso ao iniciar a campanha. O fato é que a Paraíba impôs uma inesperada derrota a dois dos seus mais destacados políticos da época, com uma diferença de cinquenta mil votos.

O insucesso do MDB nas urnas, no entanto, teve várias causas. A primeira delas, a onda nacional, com uma propaganda massiva do governo militar, despertando um clima de ufanismo e crença numa nação que experimentava um período de extraordinário desenvolvimento, o chamado “milagre econômico”. Em segundo lugar, a disposição do governador João Agripino na campanha, percorrendo toda a Paraíba com seus candidatos a tiracolo, ressaltando a importância para seu grupo político e, consequentemente, para o Estado, que eles fossem vitoriosos. E, por último, a certeza de que o futuro governador igualmente demonstrava interesse em contar com a colaboração dos senadores do seu partido para apoio e ajuda no seu projeto de governo.

A Paraíba, então, afirmava-se como um dos colégios eleitorais em que a ARENA se consolidava como preferência no embate político daquele ano. Não foram levados em conta razões de ordem ideológica, nem de manifestação contrária ao regime, na proclamação do resultado que oferecia. Ao invés disso, viu-se uma adesão ao sistema, para tristeza de todos os que percebiam o engodo e a enganação a que estavam submetendo o povo brasileiro.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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