Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

A economia da PB no Nordeste


28/11/2015

Foto: autor desconhecido.

O IBGE publicou as Contas Regionais do Brasil 2010-2013. No contexto nordestino, a Paraíba alcançou resultados econômicos bem superiores aos dos demais estados. O seu PIB cresceu 16,7% no triênio e 5,8% em 2013. Para o Nordeste, essas taxas foram de 10,3% e 3,0% e para a o Brasil 8,6% e 2,7%.

No triênio 2008-2010, o desempenho da Paraíba foi, também, bastante significativo. O PIB paraibano cresceu 18,3%, o nordestino 14,2% e o brasileiro 12,7%. Seguramente, se não fosse o baixo incremento de 1,6% em 2009, sob os fortes efeitos da crise econômica global, a expansão trienal do PIB estadual teria sido mais potente.

Nos seis anos pós-crise mundial de 2008 e suas repercussões no Brasil, o crescimento da economia paraibana (38,1%) foi muito maior do que os das economias brasileira (22,5%) e nordestina (26%). Esse fato alvissareiro é inconteste, mas é preciso explicar as suas causas e o seu grau de sustentabilidade para saber aonde se pode ir.

Houve redução da modesta participação dos setores produtivos na formação do PIB paraibano. De 2007 a 2013, a do setor agropecuário caiu de 5,6% para 4,5% e a do setor industrial de 22,4% para 17,9%. Na indústria de transformação, a queda foi de 9,5% para 8,3%, e na construção civil aumentou de 5,9% para 6,7%. No Brasil e no Nordeste, as participações desses setores produtivos, além de bem maiores, caíram menos.

O grande responsável pelo maior ritmo expansivo da economia paraibana foi o aumento do acentuado peso das atividades terciárias dos governos na formação do PIB estadual, de 30,6% em 2007 para 34,9% em 2013. No Brasil, a participação dessas ações governamentais no PIB se elevou de 15,5% para 16,4% e, no Nordeste, de 23% para 25%.

De 2007 a 2013, o aumento nominal do PIB da Paraíba foi de R$ 24 bilhões. Desse total, R$ 9,4 bilhões, ou seja quase 40%, foram gerados pela elevação do PIB das atividades públicas terciárias. Esse padrão está muito acima dos correlatos casos brasileiro e nordestino. Isso demonstra uma excessiva dependência econômica estadual do setor público e a fragilidade e o pouco dinamismo das atividades produtivas privadas.

É preocupante a involução econômica relativa da Paraíba no cenário regional. Nos anos 1960, a sua economia era a quarta maior entre as nove do Nordeste. Dos anos 1970 aos 1990 passou a ser a quinta, superada em pequena proporção pela economia do Maranhão. Nos anos 2000 essa regressão se agigantou. A economia paraibana caiu para a sexta posição, ultrapassada pela do R. G. do Norte. Em 2004, os PIBs do Maranhão e do R.G. do Norte equivaliam 142% e 103% do PIB da Paraíba e, em 2013, a 146% 110%.

O recente ciclo de crescimento da economia paraibana é bem vindo. Mas a sua sustentabilidade será difícil, se continuar dependente do peso crescente do setor público. É necessário criar bases dinamizadoras no setor das atividades produtivas privadas. É pouco provável que a Paraíba tenha outra fase excepcional de ações do governo federal, como a da grande expansão das UFPB, UFCG e IFPB, cujos orçamentos/ano passaram de R$ 900 milhões para cerca de R$ 2,4 bilhões, de 2007 a 2013.

O crescimento econômico sustentável da Paraíba requer a concretização das seguintes condições essenciais: a) moderna infraestrutura de transportes (aeroportos, portos, ferrovia transnordestina, duplicação de rodovias para o sertão e o brejo), b) revolução agropecuária no semiárido, a partir das várzeas de Sousa, c) implantação de projetos estaduais de desenvolvimento industrial e da cadeia turística e d) expansão e qualidade da educação básica pelo menos à altura do que ocorreu no ensino superior público federal. Só assim poderemos pensar num processo endógeno de desenvolvimento.
 


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