Paraíba

A cultura suplica pela Casa do Artista e reabertura do Teatro Piollin


02/05/2022

O setor cultural no Brasil sofre um como que, atraso contínuo. Como não bastasse, agora recente, os ataques e destruição do atual Governo. É assim, quase sempre foi assim, um descaso com a arte e a cultura… Bem como há coisas lá nas esferas municipais e estaduais, que muita vez emperram de maneira tal que não dá pra entender. Não me refiro apenas á Paraíba, onde o fosso é bem mais embaixo. Falo de outros Estados, mesmo, como Pernambuco, São Paulo, onde viví e pude assistir de perto as lutas constantes por espaço e direitos e tudo o mais. Bastava um olhar mais atento e ver que a arte e a cultura, aliados ao turismo, geram números incalculáveis de retorno econômico. Os filmes e o imposto de suas bilheterias, os shows e festivais com milhares de consumidores, eventos diversos, teatro, dança, literatura, os museus, os direitos autorais, enfim, todas as áreas relacionadas, tudo isso gera valor aos cofres dos governos. Porém, esse montante de dinheiro arrecadado não retorna para a classe artística, para reinvestimento no setor cultural.

Há tempo vimos observando e buscando construir a ideia de criar um fundo de investimento para o setor cultural. E não interessa que esse fundo seja público do governo, pode ser mesmo de caracter privado.

O que move minhas inquietações referentes ao setor são fatos que acontecem no dia a dia, e que vimos registrando com bastante tristeza. Coisas lamentáveis, mesmo, como receber constantes ligações de artistas amigos mendigando ajuda para compra de remédios, ou pagamento de aluguel, um crédito para celular, um prato de comida, etc. Sim, enquanto folhas exorbitantes de pagamento de pessoal, abrigam centenas de funcionários que sequer batem o ponto ou fazem presença nas secretarias e fundações de cultura, e assim em nada contribuem, há artistas mendigando moradia, alimentação, sobrevivência…

Esta semana recebi o telefonema de um desses nossos talentos pedindo socorro. O cara não tem onde morar, não tem o dinheiro do dia para se alimentar, e isto é sem dúvida muito triste e sério. O governo não dispor de um mínimo que possa amparar nossos artistas, quando por outro lado são destacadas ações paliativas que geram manchetes como se tudo estivesse correndo bem.

Está completando agora em maio, um ano e cinco meses que foi publicada na imprensa, notícia que estaria em andamento a providência de aluguel de uma Casa dos Artistas, justamente para socorrer esses amigos (invisíveis) que se encontram mendigando pelaí. Acredito que o fato foi provocado a partir da notícia de que o famoso baterista Paulo Batera, estava sobrevivendo de migalhas que pedia no mercado de mangabeira. Outro fato, músicos de uma famosa Orquestra da cidade está sem receber há quase um ano. E fica a pergunta: como estão sobrevivendo estas criaturas diante de tal descaso? É preciso uma resposta, é preciso um olhar atento e cuidado sim, com estes valores da nossa arte e da nossa cultura.

Segundo a escritora Maria Valéria Rezende, a Paraíba é o local no Brasil onde estatisticamente existe mais artistas por metro quadrado. Essa é uma riqueza indizível, um valor que se comparado as outros estados, corre na frente com muita vantagem, mas que tem passado despercebido. Só no cinema temos mais de dez nomes de artistas paraibanos que atualmente se destacam em filmes com premiação internacional como Bacurau, Aquarius, Pacarrete e outros. Nomes que também estão nas telas das TVs. Mas que aqui não são devidamente valorizados.

Nesta tarde, de segundo feira (02.05), a Câmara Municipal de João Pessoa convida para sessão especial, um evento que visa a comemoração dos 25 anos do Teatro Piollin, que anda fechado há cinco anos por falta de estratégias administrativas que o possibilitem funcionar. Pois bem, sabem a importância da Escola de Teatro Piollin? Foi fundado por nomes dos mais importantes da nossa dramaturgia contemporânea, artistas como Luiz Carlos Vasconcelos e Buda Lira, que hoje figuram no cenário nacional e internacional. E que ainda lutam para conquistar recursos que possam reabrir aquele espaço no Centro Histórico. Artistas a quem respeitamos e somos solidários com suas lutas.

Ora, ora, gente! É chegado o momento de abrir os olhos para pequenas soluções que possam beneficiar em muito a nossa arte. A cultura suplica pela Casa do Artista, pela reabertura do Teatro Piollin, por uma Casa do Carnaval e do Folia de Rua, entre outras ações. Voltaremos ao assunto.


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