Parece que a gente vive num eterno cabo de guerra. De um lado os poderosos, os ricos, os privilegiados. Do outro, os pobres, os que não têm poder, os oprimidos, os injustiçados. Nesta sociedade competitiva, claro, que “a corda arrebenta sempre no lado dos mais fracos”.

Há uma espécie de crítica ao contexto social em que vivemos. Quem tem o poder, seja político ou econômico, sempre está do lado forte da corda. E por isso ela arrebenta sempre do lado mais fraco, porque a competição é desigual. Sem falar que o conceito de justiça muitas vezes é definido pelos que estão do lado forte. Portanto, os sacrificados são, via de regra, os que se situam na ponta frágil do cabo de guerra.

Todavia, acho meio cômoda essa interpretação. É como se disséssemos muito conformados de que não adianta lutar, os poderosos sempre vão ganhar. Ignorássemos que dispomos de um importante instrumento de força: a inteligência. Quando se dispõe a ir a luta usando a inteligência, a competição ganha condições de equilíbrio e oferece reais possibilidades de vitória aos que são apontados como os mais fracos.

Quando se diz “a corda sempre arrebenta do lado mais fraco”, ainda que seja fundamentada em evidências do dia-a-dia, não podemos, nem devemos, fazer uso da expressão popular para “jogar a toalha”, ter a sensação antecipada da derrota, “entregar os pontos”. A batalha pode até ser desigual, mas nunca perdida de véspera. Resistir com todas as forças é, antes de tudo, não se julgar inferior. É se impor e se afirmar igual perante os que se julgam superiores. É desafiar a prepotência e o império do “eu quero, eu posso, eu mando”. Essa lógica não pode ser irreversivel.

A corda pode até arrebentar novamente no lado do mais fraco, mas que não seja por falta de vontade de lutar até o fim. Se não houver a coragem do enfrentamento, aí sim, com certeza, do lado fraco estarão os covardes, os subservientes, os acomodados, os submissos. Com essas características, não tem jeito, o lado fraco da corda vai sempre arrebentar.

* Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados e provérbios)”