Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

A conjuntura de Maranhão


07/01/2008

Foto: autor desconhecido.

O ano de 2008 chega com ares de tempo decisivo para o futuro do senador José Maranhão. São muitos fatores em torno dele próprio a se configurar em algumas situações distintas dependendo de outras gerando como saldo o tamanho da interferência do parlamentar na vida política da Paraíba.

Presidente forte da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, o senador vive a dicotomia de fazer escolhas muito mais próximas da aldeia tabajara (a Paraíba ) – a disputa pelo Governo, do que propriamente na direção do seu crescimento em nível nacional, fato que poderia ter construído se quisesse assumir a presidência do Senado Federal – mas não quis. Optou pela política ou, como dizem seus oposicionistas, ‘bateu pino’ diante da censura implacável da imprensa nacional no caso dos bois.

Passados já tanto tempo, Maranhão na verdade desperdiçou uma oportunidade oferecida a poucos, que é presidir o Senado. Poderia ter aceitado esperando o desfecho jurídico da Paraíba para, se viesse a lhe confirmar no Poder com a cassação do governador Cássio Cunha Lima, formatar novo contexto de saída da Presidência senatorial.

Numa situação com esta nem precisaria (na presidência) renunciar ao cargo, nem lhe deixaria fora de um dos mais cobiçados postos da República brasileira.

Mas, não, por envolvimento de todos os tipos com o embate local da Paraíba, preferiu apostar todas suas fichas na perspectiva de assumir o Governo em face das duas cassações do governador Cássio e a “jura” não consumada de sua equipe jurídica de que logo vai ascender ao Palácio da Redenção, fato nem tão fácil assim de acontecer.

Em síntese, a partir de agora, ele se prenderá única e exclusivamente a tentar interceder, influir dentro do possível no TSE sabendo desde já que, na instância superior, não terá valores dos quais soube usar quando da fase estadual – o que o leva a torcer pela consumação do processo até março, só que nem ele nem ninguém tem garantias de que isso possa acontecer e, ainda, ser-lhe favorável porque há, sim, a possibilidade de revisão da decisão no TRE.

No paralelo, se tudo isso fosse pouco, o senador convive com uma dor – de – cabeça para resolver. Trata-se do processo de indicação dos cargos federais da Paraíba emperrado (no bom sentido) porque no caminho há o caso de seu sobrinho, ex-deputado federal Benjamim Maranhão diante da resistência do Palácio do Planalto (Casa Civil) para confirmá-lo na diretoria da Transpetro ou Eletrobrás em face ainda, ano passado, do Caso Sanguessuga.

Este é um drama particular (familiar) complicado, tanto quanto emblemático do ponto-de-vista político porque se opta pela compensação da crise interna em face de ter sido o responsável pela retirada da candidatura de Benjamim, gera na outra ponta um embaraço ético porque no Governo Lula o ‘pessoal’ ainda não superou o desgaste do famoso caso Sanguessuga.

Além do mais, muito assoberbado com as tarefas da Comissão de Orçamento o senador não se advertiu ainda que, por estar no posto maior da influência orçamentária, tem desperdiçado a condição de ‘fincar pé’ e fazer valer seu poder político para carrear muito mais recursos aos projetos da Paraíba – o que não está acontecendo porque o volume de agora não tem nada de extraordinário.

Deveria – como ACM fez na Bahia ou Eduardo Campos faz em Pernambuco – ‘fincar pé ’, repito, e exigir compensações para o Estado da Paraíba exatamente pela condição de especial de presidente da Comissão.

Trocando em miúdos, a capacidade reconhecida do líder político José Maranhão está condicionada no futuro ao desfecho do TSE que, em sendo-lhe favorável é uma coisa, o fará soberano novamente, mas se, por algum motivo, acontecer a favor do governador Cássio, possa ser que o futuro do presidente maior do PMDB paraibano se comprometa e lhe apresente novas dificuldades de interferência na política local por estar sem um Plano B à disposição.

Vamos aguardar para ver, como sempre disse São Tomé. O que acontecer estaremos atentos para mostrar aos paraibanos e ao País como um todo.

Pensando no Governo

Como anda com foco único na perspectiva de assumir o Governo, o senador produziu um aceno de boa vizinhança com o deputado federal Armando Abilio, como há anos não fazia pela condição de adversários.

Armando está com ato assinado pelo Ministro da Agricultura nomeando seu genro, advogado Alexandre Aguiar, para uma diretoria na Conab, só que precisava de aval do coordenador do processo de nomeação da Paraíba, exatamente Maranhão.

Pois bem, bastou ser procurado para acenar positivamente com a liberação do ato de Alexandre Aguiar já gora amolecendo o coração de Abilio na direção do futuro.


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