Ana Adelaide

Professora doutora pela UFPB.

Saúde

A Ciência – Tudo que  Temos!


20/05/2020

Ou quase tudo!

Durante esse tempo de isolamento social o que não nos falta é tempo para pensar. Fomos todos pegos com a mão na botija! Despreparados. Com exceção de alguns países que investem ou que tomaram decisões acertadas como a Islândia, Nova Zelândia,  Coréia do Sul. Fiquei a me perguntar: Mas, como pode o mundo chegar aos pulos ao desenvolvimento? Ao sucesso? À tecnologia de ponta? Construção de edifícios de mais de 100 andares? Tudo de modernidade? Aviões supersônicos? A era digital e tudo o que os computadores nos proporcionam? E deixarem de lado, os vírus, que sobrevivem a tudo, e podem acabar com a humanidade num estalar de dedos. Que eu não saiba o que seja um vírus e seu poder catastrófico vá lá. Mas e os médicos? Os sanitaristas? Os governantes? A ciência? Porque se não, qual o sentido de irmos à lua e não termos saúde e quando adoecemos , morrermos em efeito dominó?

Conversando, refletimos que, ciência/pesquisa custam caro. Não interessa ao mundo do imediatismo, e depois, investir nas ciências massivamente, não tem retorno rápido. Simples assim. E fiquei a pensar, em pequena escala: porque um governante local não resolve a questão do saneamento básico? Custo alto e ninguém vê e não dá voto. O que dá voto é obra cara. Mesmo que depois vire o tal do elefante branco. Já cansei de ouvir cientistas brasileiros que se mudam para os Estados Unidos/Europa para poderem desenvolver seus trabalhos. Agora mesmo no Brasil, com esse Governo que desqualifica as Ciências Humanas, e corta as verbas das Ciências em geral, tudo é direcionado para um Governo que não tem o ser humano como prioridade. Os estudos. O bem estar dos indivíduos. E assim caminha a humanidade….

Quando se vê a Alemanha, país que enfrentou as duas grandes guerras mundiais, com seu plano de desenvolvimento, uma Angela Merkel tomando as rédeas, cuidando do seu povo, tomando providências, constato que, estamos ainda na idade da pedra. E com a pedra, as cavernas e as sombras indecifráveis. Somos vulneráveis aos seres invisíveis e mortais. Há décadas com a saúde deixada de lado, quando na verdade deveria ser o objeto número um de todo país. Sem saúde não alcançamos nada. Nem mesmo a Educação. Ou a vida! Tão fundamental para todos os povos. Teríamos que ter investido tudo em proteção, pesquisa para defesas, para pelo menos alguns desses vírus que nos ameaçam. E bom lembrar que, vieram outros antes de nós. As pestes que assolaram o mundo. E outros virão em seguida. Do morcego, da galinha, do macaco ou de outros bichos  hospedeiros.

E da minha janela o que vejo?  Um presidente débil e perverso a dizer: “E daí?”, e a fazer apologia da ditadura todos os domingos, literalmente sem máscara, como se o país e a sua saúde do povo não lhe dissessem respeito; um ministro da saúde, de olhos sinistros e que, não nos diz o que não seja óbvio, nem apresenta um caminho de esperança; um povo desavisado e descrente que a doença lhe acometa; uma desigualdade social que não comporta o mesmo isolamento de quem pode ficar em casa; um abismo social pronto para explodir; um crise econômica que quebrará meio mundo, e mais ainda os mais pobres; uma saúde que engatinha para os desafios do século XXI; um momento onde todos estão perdidos (nenhuma notícia concreta do que fazer, onde fazer, e como administrar o sistema falido da saúde); e uma nuvem sombria que nos tira o sono e a sanidade.

O tempo passa. Estamos em maio. Dia do Trabalhador. Mês das mães, das grandes vendas no comércio. E nós, lutando pela saúde de cada dia. A ladeira abaixo que cantou Moraes Moreira ainda está por vir. E Moraes foi embora pro céu, pois lá deve ser amigo do rei! E nos deixou, sem mais nem ladeira, para cantarmos desavisados.

E Viva a Ciência. Por favor olhem para e por ela.

Ana Adelaide Peixoto
Maio, 2020


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