Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

A Capital brasileira de Música Erudita


02/12/2014

Foto: autor desconhecido.

{arquivo}A primeira impressão do título/manchete é de puro ufanismo. Mas, se deixar deglutir, ser depurado no quengo o valor do que se impõe em torno das inúmeras referências existentes na Capital paraibana, através de suas qualificadas QUATRO Orquestras de Música Clássica, então nosso bom senso haverá de entender que não é à toa sermos, enquanto Estado, berço do fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira, imortal paraibano Maestro José Siqueira, mas até hoje esquecido de todos. É a Paraiba no centro da música internacional, como Sivuca fora como instrumentista.

Entretanto, para não ficarmos somente em reminiscências, vamos admitir que a existência em curso, pelos próximos dias, entre nós da Semana Internacional de Música Erudita, agora com a confirmação de presença e homenagem ao genial Maestro Isaac Karabichevisk na próxima sexta-feira em Concerto internacional, certamente que passaremos a considerar real a assertiva de que somos terra de alta qualidade musical.

É preciso, acima de tudo, reconhecer os movimentos existentes na UFPB com duas Orquestras espetaculares, a do Governo do Estado em nova fase e formação, entretanto a Orquestra Sinfônica de João Pessoa veio coroar nosso acervo histórico de cidade provedora de músicos, arranjadores e maestros de alto nível, somente comum em Países ou ambientes de antiga cultura preservacionista do cancioneiro erudito.

{arquivo}Neste particular, há uma simbiose em torno da Sinfônica de João Pessoa harmonizando a inquietude, inovação, alta qualidade e astral do Maestro paulistano Laércio Diniz – este, soube até que seus pais têm vinculo com a Paraiba –, sabendo ele entender o rigor da platéia existente, a exigência do prefeito na formatação da nova fase da orquestra em alto estilo e, ainda, sintonia com a parte executiva de Mauricio Burity, não muito por acaso, filho do governador de Estado que mais investiu neste tipo qualificado de música universal – leia-se Tarcisio de Miranda Burit

A FASE CONSTRUTORA

É da fase recém passada do final dos anos 70, mais fortemente nos anos 80, que a música erudita se fixou como referência nacional em João Pessoa, cuja fase passada a Orquestra era mantida pelo Governo do Estado em convênio com a UFPB para a manutenção dos professores na formação de novas gerações de músicos geniais – e aqui fico em Radegundis Feitosa, embora sejam muitos outros –, transformando o intercâmbio dos mestres internacionais com as safras de nossos talentos advindos das periferias e interiores do Estado gerando a consolidação de vinculo e símbolo com música clássica.

Um tempo antes, sem a mesma dimensão de Burity, os primeiros passos foram dados pelo ex-governador Pedro Moreno Gondim ainda com a Orquestra em dose e tamanho relativo à época dos anos 60.{arquivo}

A INICIATIVA DE RC/AGRA

{arquivo}Nos idos anos 2000, com o advento dos governos Ricardo Coutinho e posteriormente Luciano Agra, João Pessoa passou a contar com a implementação de sua própria Orquestra. A edilidade já tinha fama com a Banda 5 de Agosto, mas nesta fase posterior, penso que com o maestro Carlos Anisio na regência começou-se então a fase de vinculo da estrutura da prefeitura com a música erudita.

COM LUCIANO, O APOGEU

Com base na programação da atual semana, ainda levando em conta a primeira versão do ano passado com acervo musical – repito de referência internacional –, logo agora ampliando-se os espaços de concertos para dentro das Igrejas da cidade, em particular nos adros e ambientes fechados do Centro Histórico, passou-se então a ter uma dimensão além da vontade da apresentação pública nas praças.

Os dois anos de atuação da Sinfônica de João Pessoa, mais ainda o desempenho real das demais outras orquestras –, tudo isso premia os moradores e visitantes da cidade a conviver com um espectro real de lugar afeito à musica dos gênios de outros Continentes.

É um incremento sofisticado ao mesmo tempo de acesso popular a animar o Centro Histórico como sempre é esperado acontecer.

PARA CONCLUIR

{arquivo}Quem quiser que faça a comparação e até desafio que alguém apresente do ponto-de-vista quantitativo e qualitativo uma Capital com tamanha referência de música erudita. Podem inserir na comparação relativa São Paulo, Rio de Janeiro e BH – que não há referência como a de João Pessoa.

Isto, ainda, sem contar com os grupos de música instrumental que, se forem computados todos, aí é que consolidaremos mais ainda nossa cidade como a Capital brasileira da Música.

TEM MPB AINDA

Em tempo: neste contexto, nem estão incluídos os grandes nomes da Música Popular Brasileira – vide Sivuca, Jackson do Pandeiro, Geraldo Vandré, Zé e Elba Ramalho, Herbert Viana, Vital Farias, Cátia de França, Chico César, Flávio José, etc.

ANTES QUE ESQUEÇA

A Paraíba ainda tem na história desse segmento nomes de grande valor reconhecido, como José Siqueira – o maior de todos eles, Arlindo Pereira, Severino Araújo, Maestro Alberto Kaplan (o argentino mais paraibano que houve), Eli Eri,  Luis Duriex, Carlos Anisio e Maestro Chiquito – este último, pra lá de especial.

O DEPARTAMENTO FOMENTADOR

Seja o que for, talento genial pode até surgir ao acaso mas sem a lapidação e a instrução pedagógica, como se vê no Departamento de Música da UFPB, certamente que poderíamos estar desperdiçando etapas da construção dessa referência musical paraibana.

ÚLTIMA

“No recanto bonito do Brasil/
Sorri a minha terra amada…”

 


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