Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A boa vizinhança


22/04/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Na rua em que fomos morar, a Sérgio Dantas, se praticava efetivamente a política da boa vizinhança. Éramos uma família de sangues diferentes. Sem a necessidade de sabermos tudo da vida um do outro, mas costumávamos partilhar risos e prantos. Havia solidariedade na hora certa, companheirismo, compreensão, amizade.

Isso não se vê nos dias atuais. Principalmente quando moramos em condomínios de edifícios. Muitas vezes, sequer sabemos o nome dos nossos vizinhos. Sentimos a falta do espírito de camaradagem e da convivência amistosa tão comum nas ruas de antigamente.

Tínhamos na rua Sérgio Dantas, facilitada talvez por ser de poucas casas, um relacionamento de respeito e consideração recíproco, que tornava nosso ambiente de moradia agradável de se viver. Não tenho lembranças de inimizades ou contendas que desmentissem essa minha afirmação.

Acompanhei o crescimento da rua. Logo quando chegamos só existiam cinco casas, incluindo a nossa. Ocupadas pelas famílias de Seu Almeida, também proprietário do imóvel que adquirimos; o conhecido radialista Gilberto Patrício, animador de programas de auditório da Rádio Tabajara; Wilson Rufino, rádio técnico, onde íamos assistir aos programas de televisão (os tele vizinhos) e Jurandir Leal, com quem tínhamos pouco contato, mas com sua esposa Dona Anália mantínhamos um convívio muito próximo e amigável.

No decorrer do tempo chegaram novos vizinhos. Joaquim Casado, em frente à nossa moradia; o engenheiro Arnaldo Moura; uma bancária conhecida por dona Nevinha, cujo marido era uma apaixonado por brigas de galo; Dona Eulália; Ernani Bandeira, também bancário, com quem meu pai permitia ir ao estádio da Graça assistir as partidas de futebol do Botafogo, o “Belo”; Seu Menezes, gerente de uma loja de tecidos na Capital; o empresário Justino Azevedo e no final da rua, o fazendeiro Antônio Régis de Brito, cujos filhos, Antônio Carlos e Quintino, se tornariam meus cunhados.

Faço questão de nomear cada um dos vizinhos, numa forma de prestar homenagens a pessoas que tinham a compreensão do quanto é importante conviver em harmonia com os que dividem seu espaço de habitação. A boa vizinhança é condição primeira para que alguém possa se sentir feliz no seu ambiente de convivência.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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