Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A bajulação


24/01/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A vaidade é uma característica da natureza humana. Todos nós somos vulneráveis aos assédios e aos elogios fáceis, ainda que evidentemente falsos. Ficamos ansiosos em ver nossos dotes serem exaltados. Mas existem pessoas que se especializam em praticar o que, na linguagem comum, chamamos de bajulação, puxa-saquismo. E o pior é que nem sempre percebemos os ardis desses oportunistas de ocasião, aqueles que nos adulam com objetivos únicos de tirarem proveito da nossa atenção ou amizade.

A bajulação é a forma servil de alguém almejar méritos. Os que usam dessa artimanha procuram demonstrar serem amigos, tentando partilhar de segredos, para que assim possam receber a recompensa pelas exageradas manifestações de lisonja oferecidas. Muitas vezes nem conseguimos definir os limites entre o elogio interesseiro e o reconhecimento verdadeiro de nossas qualidades.

Não existiriam os bajuladores se não existissem os que gostam de ser adulados. O grande problema é que essas pessoas que se comprazem com a bajulação, cercando-se somente de capachos, tendem a assumir uma postura de blindagem às críticas. E só admitem ouvir o que lhes agrada ou o que possa enaltecer sua personalidade, massageando seu ego.

Outra marca da bajulação é a inconstância e a volubilidade de seu exercício. Ela só se efetiva enquanto o bajulado seja uma pessoa influente, detentor de autoridade para favorecer ou prejudicar outros. No momento em que perde a força de mando ou de domínio de situações, deixa de ser alvo de bajulação, porque desaparecem os interesses. É aquilo que diz um velho ditado popular “rei morto, rei posto”, há um novo receptor dos atos de bajulação.

O bajulador não merece confiança. Com a mesma disposição que procura agradar, ele parte para a ofensa quando a necessidade de bajular deixa de existir. Napoleão Bonaparte disse uma vez: “Quem sabe adular, também é capaz de caluniar”.

Graças a Deus não padeço desse mal.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.
 


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