Paraíba

CMJP discute os desafios enfrentados pela melhor idade

Melhor Idade


04/04/2014



O preconceito com o envelhecimento, idosos esquecidos por seus familiares em abrigos e a elaboração de políticas públicas voltadas à melhor idade foram assuntos abordados em sessão especial, na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O evento aconteceu na tarde desta quinta-feira (3), proposto pelo vereador Santino (PT do B), que discutiu “Os desafios e as conquistas das pessoas idosas no mundo atual”. Entre os relatos no Plenário, citou-se que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o Lar da Providência registram juntos, por dia, uma média de 16 pedidos de institucionalização de idosos em abrigos ou casas de acolhimento na Capital.

Santino (PT do B) comentou que João Pessoa é a terceira Capital do Nordeste com maior índice de população idosa. “Há falta de respeito e limitações impostos pela idade. Estes, além de outros, são desafios que precisam ser vencidos. Devemos olhar para as crianças e jovens e ensiná-los o respeitar aos que têm mais experiência. O Estatuto do Idoso vai completar 11 anos e ainda não é totalmente respeitado. Peço o cumprimento das leis voltadas a esse segmento para garantirmos uma maior qualidade de vida aos idosos”, apelou o vereador.

O vereador Sérgio da SAC (PSL) secretariou os trabalhos e lembrou que a CMJP aprovou a Semana do Idoso na Capital, que ocorre de 25 de setembro a 1º de outubro. Além disso, ele mencionou outra lei, que reserva em ônibus assentos exclusivos para os idosos e sinalizados com a cor amarela. “O que a sociedade faz hoje para a pessoa idosa, esses cidadãos que contribuíram para o desenvolvimento do nosso País? Infelizmente, percebemos filhos e netos desconhecendo seus pais e avôs. Temos que garantir mais respeito, cidadania e dignidade para os idosos”, afirmou.

Sessão debateu a rejeição dos idosos pela própria família

Para a representante do Lar da Providência, irmã Raimunda Lopes, um dos grandes problemas evidenciados hoje é a rejeição dos idosos pela própria família. “Muitos não querem mais tê-los em casa. Em média, atendemos por dia 10 famílias procurando vagas para idosos. Eles dizem que não conseguem mais cuidar deles ou que não têm condição. O que está acontecendo? Mudar essa realidade é um grande desafio hoje. Precisamos de políticas públicas que garantam a manutenção dos idosos dentro de seus seios familiares. O melhor lugar pra o idoso é com seus familiares e as instituições deveriam ser a última opção de uma família. Não que os abrigos sejam ruins, pelo contrário, mas o idoso precisa ter seu espaço e não merece ser esquecido”, destacou.

Concordando com a irmã, a promotora Sônia Maria de Paula adiantou que quer integrar junto à Promotoria dos Idosos, a dos Deficientes. Ela exemplificou situações como abandono de familiares, sequestro de cartões de aposentadoria, e idosos que ficam em situação de miserabilidade. “Peço que a prioridade na institucionalização dos idosos em lares seja pelos que estão em situação de abandono, que não têm ninguém, ou vivem sozinhos. Precisamos de instituições de longa permanência”, observou.

A representante da área técnica de Saúde do Idoso da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Irene Delgado, comentou que a SMS recebe seis idosos por dia pedindo para serem institucionalizados em uma das seis casas de apoio disponibilizadas pela Secretaria. “Todas estão lotadas, principalmente por idosos que vieram de famílias que rejeitam, renegam e até agridem. Em 2050 a previsão é de que 22% da população brasileira seja formada por idosos, e em mais 20 anos, teremos uma proporção que será maior que quatro idosos para cada pessoa economicamente ativa. É necessário nos prepararmos, sociedade e famílias, para garantir acessibilidade e mobilidade, além de trabalhar, conviver, e realizar atividades voltadas a esse segmento”, argumentou.

Melhor idade tem cartilha que ajuda na reivindicação de seus direitos

Irene Delgado ainda sugeriu que os idosos falem de suas necessidades e reivindiquem seus direitos, sem deixarem que outros falem no lugar do segmento. “Todos deveriam conhecer o Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos (CMDI) e não apenas dizer que têm direitos, mas que o Estatuto dos Idosos seja discutido e reivindicado pelos próprios pertencentes à melhor idade”, comentou.

A militante do Clube da Terceira Idade, Yolanda Fernandes, Falou do Manual de Utilidade Prática da Melhor Idade, o qual ajudou a elaborar. É uma cartilha com serviços, programas, dicas de ajuda e esclarecimento de benefícios, dispondo endereços e telefones, para que os idosos possam reclamar seus direitos. “Temos que combater o preconceito contra o envelhecimento e investir na educação para isso. O esclarecimento é a chave para que todas as demandas do segmento da melhor idade sejam atendidas. Além disso, precisamos nos unir, grupos, segmentos, poder público e todos os atores sociais dessa área para reivindicar os direitos dos idosos”, sugeriu.

A professora Helena Holanda, presidente do Centro de Atividades Especiais que leva seu nome, comentou as principais necessidades do segmento. “Os idosos precisam do cumprimento e fiscalização das normas e direitos que têm, e a sociedade pode ajudar a concretizar isso discutindo e reivindicando a superação das dificuldades enfrentadas pelos idosos e a valorização desse segmento. Trabalho com a melhor idade há 42 anos e nunca tive o medo de explorar o potencial que cada um tem, oferecendo a autoestima e proporcionando uma melhor qualidade de vida”, salientou.

Já a diretora do Clube da Pessoa Idosa, representando a presidência do Instituto de Previdência Municipal (IPM), Elisângela Varandas, comentou que o Clube oferece mais de 18 atividades, funcionando em horários e dias diversos durante a semana. “Alguns chegam até deprimidos no Clube, procurando algo que às vezes é até simples, como um abraço, um sorriso, uma forma de acolhê-los ou de resolver algum problema pelo qual passam. Venham ao Clube e vivam mais 60 anos. Estamos de portas abertas e convido todos os idosos a participarem de nossas atividades”, frisou.

Apresentação artística e homenagem

O Grupo de dança do bairro do Geisel “Querer é Poder” fez uma intervenção artística durante a sessão especial. Formado por idosas vestindo roupas de bolinhas, o grupo realizou um número dançando rock.
Além disso, Santino fez uma homenagem à militante pelas causas da melhor idade, Maria da Conceição Araújo, pelos trabalhos realizados com o segmento, do qual faz parte, na Vila Vicentina além de outras entidades. Ela recebeu uma placa mencionando a honradez de seu trabalho, em nome do vereador. “Quem não vive pra servir não serve pra viver”, destacou Maria da Conceição, alegando ser um recado para todos.



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