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Cleo: “a sensualidade não me define”
25/08/2018
Cleo dispensa apresentações. Cada dia mais estabelecida nas áreas em que escolheu para a vida profissional, como a atuação, o meio musical e até como influencer na web, a artista vive um dos seus melhores momentos. Porta-voz do empoderamento feminino, ela mostra na prática, literalmente, as dificuldades de ser tão bem resolvida em um mundo ainda tão machista.
Em papo exclusivo com a Vogue, Cleo fala sobre sororidade: “a reprodução do machismo feita por mulheres, principalmente, é muito triste. Acho que o melhor a dizer é: se libertem dessas amarras. O machismo não beneficia ninguém”, diz. “Entendo que é uma questão de tempo: as pessoas vão aprendendo no momento certo, a atitude de competitividade feminina está muito enraizada em nós, é cultural, portanto, muito difícil de se libertar. Mas não é impossível! Saber respeitar a opinião e o modo de viver do outro, já é um grande passo”, conclui.
No ar como a vilã Betina na novela O Tempo não Para, ela fala sobre semelhanças e diferenças de personalidade com a personagem, conta da sua relação com o próprio corpo e rotina de beleza. A atriz também entrega o que faz quando ninguém está vendo, os seus talentos secretos e, contra rótulos, dispara: “a sensualidade não me define. O ser humano é múltiplo. Tenho várias outras características que compõem quem eu sou, a sensualidade é só uma delas”. Abaixo, tudo isso e muito mais:
Na nova novela das 19h da Rede Globo, O Tempo Não Para, você interpreta uma vilã, a Betina. Na vida real, você se vê como vilã?
Betina é daquelas personagens que faz de tudo para conseguir o que quer, ela não se importa de deixar seus valores de lado para isso. E, neste sentido, não me vejo como vilã. Por quê veria?
Quais características você tem em comum com Betina?
Ela é uma mulher muito para a frente, determinada e moderna. Me identifico com ela neste sentido. Mas nossas semelhanças se param por aí. Diferente da Betina, não passaria por cima dos meus valores e de coisas importantes para conseguir o que quero. Aliás, a Betina promete agitar a novela, tem sido uma delícia interpretá-la.
Muita gente te julga sem te conhecer. Conta três coisas sobre você que ninguém sabe, mas que, de alguma forma, poderia mudar a visão delas?
Hummm… tem várias coisas que as pessoas não sabem ao meu respeito (risos). Não sei se mudaria a visão delas, porque, no final do dia, as pessoas realmente só enxergam o que querem, e isso também não é algo que me faça sofrer. Mas adoro estudar astrologia e o cosmo, é incrível entender como tudo isso está relacionado ao comportamento humano; amo ensinar truques de make para as pessoas; e adoro coisas nerds.
No Twitter, você respondeu com bom humor a uma fã que disse que queria apertar o seu bumbum: “está mole e caído. Não é o momento”, disse. Como é a sua relação com o espelho atualmente – física e mental? Te incomoda estar “mole e caída”?
Tenho uma troca muito bacana com os seguidores. Sempre que posso, respondo, e essa foi uma das muitas brincadeiras que faço ali. Sou como qualquer outra pessoa, há momentos em que me sinto muito bem com o meu corpo e outros que não, é natural. Mas, respondendo à sua pergunta, no geral, a minha relação com o espelho é ótima, sou muito tranquila em relação a isso. As pessoas idealizam o corpo do artista, principalmente das mulheres em geral, como se o biótipo sarado e durinho fosse universal e o ideal. Não é, e, para mim, o importante é estar bem comigo mesma, saudável e em boa forma – o que vai muito além do corpo.
Pretende fazer dieta e se jogar nos treinos para mudar isso, ou está satisfeita consigo mesma?
Estou satisfeita comigo mesma. Na verdade, tenho uma alimentação equilibrada e pratico exercícios físicos durante a semana. A boa forma vai além do físico, é uma relação do corpo e da mente.
Quais atividades físicas você gosta de fazer?
Faço faço aula de corpo e yoga duas vezes na semana com a Patrícia Passos e isso tem sido muito prazeroso. É algo mais personalizado e que funciona para mim.
Segue uma rotina de beleza e cuidados estéticos?
Não tenho uma rotina definida, mas uso algumas máscaras para a pele em casa e faço um acompanhamento com a Roseli Siqueira, cosmetóloga. Mas, no geral, não tenho neuras com isso, sou muito tranquila.
Você sempre foi uma pessoa transparente, sem papas na língua e, consequentemente, seus post e entrevistas, de alguma forma, sempre acabam rendendo algum tipo de polêmica. Isso te cansa? Como lida com as críticas?
Tudo o que eu falo é porque quero falar, porque me sinto bem para isso. Mas me incomoda e cansa um pouco quando, de um papo tão bacana, surgem perguntas e temas tão batidos e que nada têm a ver com o momento. Mas, hoje, procuro não ver muito as críticas que não constroem, procuro me cercar de energias positivas e críticas construtivas, que vão me ajudar a chegar aonde eu quero.
Muitas vezes, você é criticada por mulheres. Em tempos de sororidade, o que diria para elas sobre esse comportamento inadequado aos dias de hoje?
A reprodução do machismo feita por mulheres é muito triste. Acho que o melhor a dizer é: se libertem dessas amarras. O machismo não beneficia ninguém. Mas entendo que é uma questão de tempo: as pessoas vão aprendendo no momento certo, a atitude de competitividade feminina está muito enraizada em nós, é cultural, portanto, é muito difícil se libertar. Mas não é impossível! Saber respeitar a opinião e o modo de viver do outro, já é um grande passo.
Conta pra gente uma situação em que você se sentiu oprimida como mulher e te marcou?
A opressão está na forma como querem que a gente se comporte, como querem que a gente se expresse… E isso faz parte da educação patriarcal com a qual fomos criadas, e precisa acabar. Precisamos nos libertar e nos expressar como quisermos sem sermos julgadas/oprimidas por isso.
Existe alguma característica física que considera muito sexy (em você ou nos outros) e que a maioria das pessoas acha broxante?
Eu acho cicatriz uma coisa super sexy.
Acha que a sensualidade te define?
Não. O ser humano é múltiplo. O trabalho que fiz com a Alice Caymmifala exatamente sobre isso, sobre o arquétipo feminino da sedução ser usado e visto como único recurso. Eu tenho várias outras características que compõem quem eu sou, a sensualidade é só uma delas.
Para você, existe um limite entre privacidade e exposição?
Com certeza. Tudo aquilo que eu não quero expor, seja envolvendo a minha família, os meus amigos ou relacionamentos, é privado. As pessoas têm que respeitar isso. Não somente a minha profissão possui uma exposição, mas eu também gosto de me expor. Agora o que eu gosto de expor é uma coisa, o que as pessoas acham que eu devo expor é um problema delas.
O que faz quando ninguém está vendo? Nos dias em que fica sozinha em casa?
Eu assisto muita série, jogo videogame com os amigos, me reúno com a minha família. No final das contas, sou uma pessoa normal.
O que faz quando sente que precisa desacelerar?
Eu percebi que viajar me relaxa muito! Ultimamente, a cada brecha de gravação e agenda pessoal que tenho, vou com amigos para um destino, para relaxar mesmo. Notei que, quando volto, fico muito mais disposta e trabalho com mais energia.
Quem são as tuas musas inspiradoras no meio musical?
Nossa… eu tenho várias! Adoro a Marina Lima, no meu show até cantei uma música dela, também gosto muito de Alanis Morissette, Beyoncé, Karol Conká, Valesca Popozuda e várias outras mulheres.
E no quesito fashion?
Eu adoro a Xuxa dos anos 1980 e 1990, Cher, Kourtney Kardashian(gosto da Kim também, mas prefiro a irmã), Rihanna, Johnny Depp, Kanye West… São alguns que curto bastante o estilo.
Tem ajuda de algum stylist?
Sim, tenho a ajuda do Jorge Grimberg, que virou o meu diretor de imagem, na verdade. Eu tenho as ideias e o Joca desenvolve, é uma parceria. Assinamos juntos os figurinos dos shows, clipes, eventos…. Nós temos uma sintonia muito boa. Nós dois gostamos de criar.
Como define seu estilo?
O meu estilo é muito eclético, vai do meu humor. Às vezes quero vestir algo mais ousado, outras vezes priorizo o conforto. Gosto de criar no look junto com o Joca, ele embarca nas ideias, tem dado muito certo!
Como é a sua relação com a moda no guarda-roupas da vida real, o de palco e o de eventos?
O meu guarda-roupa da vida é também o de palcos e eventos, mas em versões diferentes – às vezes com mais glamour, recortes e aplicações. Tenho usado mais preto, branco, o nude no meu tom de pele e jeans, sempre misturando com esportivo, couro…. Adoro moda, há muita liberdade de expressão nela.
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