Em clima de acirramento político e de temperatura em ebulição na seara eleitoral do país, o clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), segundo longa-metragem de Glauber Rocha – ícone maior do cinema novo – é a atração principal de abertura do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na noite desta terça-feira no Cine Brasília.

O mais antigo evento cinematográfico do país vai reverenciar a obra prima do diretor baiano no aniversário de 50 anos do filme sessentista que terá exibição de cópia restaurada. A cerimônia de homenagem contará com as presenças do ator Othon Bastos (protagonista do filme) e dos filhos do cineasta (morto em 1981), Paloma Rocha e Henrique Cavalleiro. A composição Bachiana Nº 5, de Heitor Villa-Lobos e Perseguição, de Sérgio Ricardo (que integram a trilha-sonora) será executada em concerto antes da exibição especial por instrumentistas da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional.

Durante oito dias de festival – que tem patrocínio da Petrobras, Terracap, BRB, BNDES e Oi -, mais de 60 filmes irão passar pelas diversas telas das mostras competitivas e paralelas. Com premiação orçada em R$ 625 mil, o melhor longa-metragem receberá R$ 250 mil.

Filme paraibano

Cerca de 18 filmes entre curtas e longas-metragens estarão nas mostras competitivas, com destaque para as regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Distrito Federal entre as obras selecionadas. Pernambuco terá dois concorrentes e a Paraíba, após décadas sem representação na categoria longa-metragem, contará com a presença do jovem diretor Taciano Valério, de Campina Grande. Será sua estreia no festival com o longa-metragem Pingo D’água que tem como ator principal o docente da USP, roteirista e ensaísta, Jean-Claude Bernardet.

Ratificando, na prática, uma tendência dos últimos anos, o Festival de Brasília consegue ampliar a democratização do acesso ao audiovisual de forma massiva, com exibições agendadas para o Cine Brasília, auditórios do Museu Nacional, no Teatro da Praça de Taguatinga, no CG do Gama, no Teatro de Sobradinho e no SESC de Ceilândia.Entram ainda no circuito os campi da Universidade de Brasília (Plano Piloto, Planaltina, Gama e Ceilândia), do IESB e da Universidade Católica (Plano Piloto e Taguatinga) que irão receber debates, seminários e oficinas.