Economia & Negócios

Cícero Lucena revela à Revista NORDESTE metas e projetos para transformar João Pessoa em referência nacional para grandes investimentos


30/09/2021

Cícero Lucena em entrevista à Revista NORDESTE

Portal WSCOM / Revista NORDESTE

A edição de Nº 176 da Revista NORDESTE já está disponível para o leitor em edição impressa nas bancas e virtual (Clique aqui para acessar). O veículo apresenta entrevista exclusiva concedida pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, ao jornalista Walter Santos, no qual revela as metas e projetos de potencialidade para transformar a Capital paraibana em referência na atração de grandes investimentos no país.

Clique aqui e leia a matéria na íntegra na edição virtual da Revista NORDESTE.

Reprodução: Revista Nordeste

A entrevista também poderá ser conferida na íntegra, abaixo. Confira:

A PROJEÇÃO DE NOVO TEMPO

Prefeito de João Pessoa avalia conjuntura e enquadra Capital em modelo para se transformar em referência do Brasil

Por Walter Santos

O prefeito de João Pessoa, Cicero Lucena, anda cercado de projetos e ações que visam transformar a capital da Paraíba em ambiente atrativo para novos e grandes investimentos, entretanto, anda pautado por programas em diversas áreas capazes de antecipar inovações a partir da qualidade de vida de seus habitantes. Nesta entrevista ele relata os principais projetos e aponta os caminhos de desenvolvimento social.

Revista NORDESTE – Prefeito, o Sr. chega ao início do segundo semestre do ano anunciando R$ 1 bi de obras na capital paraibana. O que difere o agora da fase anterior em que o Sr. foi prefeito? Qual o impacto da Pandemia?

Cícero Lucena – A pandemia trouxe morte, dor, isolamento e aprofundou a pobreza em todo o mundo. Assumir o Executivo em meio a essa tragédia sanitária exigiu de cada um de nós o foco na solução dos problemas gerados pelo novo coronavírus. Nossas primeiras medidas envolveram: abrir imediatamente novos leitos, aumentando em mais de 500% o número das UTIs Covid; implantar 5 usinas de oxigênio e direcionar toda estrutura possível, inclusive com a contratação de profissionais de Saúde, para a vacinação em massa, apesar da escassez de imunizantes. Não foram raros os corujões da vacina em que atendemos multidões madrugada adentro. Com estas medidas, abaixo de Deus, conseguimos reduzir a ocupação das UTIs, salvar vidas e, consequentemente, flexibilizar medidas de distanciamento social. Isso foi decisivo para reabrir negócios e salvar empregos. Encampamos esta luta por saber que o melhor programa social é o trabalho. Além disso, fizemos nossa parte para amenizar a carga tributária no município, doamos alimentos e EPIs para os mais carentes. Não foi fácil, mas isso nos permitiu planejar e lançar na hora certa o programa “Agora tem trabalho”. Apenas após as conquistas da Saúde foi possível falar em obras e estou muito feliz por poder apresentar este que é o maior programa de infraestrutura da história de João Pessoa. O pós-pandemia precisa de ações firmes para destravar a economia e incentivar a geração de emprego e renda.

NORDESTE – Sem precisar evidenciar o retrovisor, qual a síntese encontrada pela gestão em janeiro passado e como pretende concluir o ano de 2021 diante do projeto “Cidades Inteligentes”, do BID?

Cícero Lucena – Se eu fosse resumir em uma palavra seria abandono. Não sou de olhar pelo retrovisor, mas é fato que recebemos 42 escolas com as obras de reforma paralisadas. Nos foi entregue uma Rede de Saúde com apenas 30 leitos de UTI Covid! Imagine, isso para quase um milhão de habitantes. Ampliamos o número de UTIs em mais de 500%, saltando para 196 em tempo recorde. Além disso, convocamos quase 1.500 profissionais para atender a demanda da população. Tivemos que encarar a situação como uma guerra pela vida, que de fato foi.

Sobre o Programa João Pessoa Sustentável, menos de 1% de um projeto de US$ 200 milhões foi executado em dois anos. Isso é grave, mas quero falar de presente e futuro.

Tão logo assumimos a prefeitura tratei de me reunir com os profissionais da Unidade Executora do Projeto e estou cobrando periodicamente resultados. A coisa mudou! Iniciamos a fase concreta do projeto para renovar todo o parque tecnológico da prefeitura. Começamos a debater com as comunidades ribeirinhas sobre as ações de recuperação das condições de habitabilidade, com respeito ao meio ambiente e garantindo a sobrevivência no próprio local onde estão residindo.

NORDESTE – Há uma referência em torno de sua performance que é a experiência de ter encerrado o famoso Lixão do Roger onde crianças e urubus conviviam juntos. Como esta experiência pode influir nos resíduos sólidos da Grande João Pessoa e o que se destinará à antiga área do lixão?

Cícero Lucena – Deus me deu a oportunidade de fechar este ciclo com um belo desfecho, mas admito que dói ver que após todos estes anos nada foi feito na área do lixão que fechamos. Como já tornamos público, a intenção é transformar o antigo lixão em um parque. Neste momento, estamos avaliando o solo para ter dados que permitam segurança nas intervenções. Será um espaço de educação ambiental e valorização da vida! Sobre a Grande João Pessoa, de fato, formamos um consórcio que vem delineando ações neste sentido. Não é possível falar em política de resíduos sólidos sem planejar coletivamente. Mas voltando ao que falei, a área em que crianças e urubus chegaram a disputar restos de comida vai se transformar em um espaço de cidadania, lazer e saúde.

O projeto socioambiental no local terá pista de corrida, trilhas ecológicas, ciclovia, campo de futebol, minicampos de vôlei de areia, futebol society e futevôlei. A ideia é fazer com que toda a população da cidade possa usufruir de um novo espaço para atividades recreativas, esportivas e de educação ambiental. Na implantação do Parque Socioambiental, inclusive, serão usados apenas materiais sustentáveis e com eficiência energética.

NORDESTE – Como a Inteligência Artificial participa da construção de modelo de gestão capaz de reduzir a burocracia e gerar eficiência efetiva dos serviços prestados?

Cícero Lucena – O primeiro exemplo é na análise de projetos da Seplan. Estamos utilizando tecnologia BIM, a mais moderna do mundo. Nossa cidade é a primeira capital do Nordeste a adotar essa tecnologia e capacitar seus servidores para usá-la. Por meio de modelagens 3D, essa ferramenta promove integração de informações que possibilitam ampla visão do empreendimento e resultados melhores em menos tempo, o que representa mais economia para os cofres públicos. Mas além da tecnologia destinada à análise de projetos, em breve estaremos com toda uma rede lógica inteligente controlando sinais de trânsito em João Pessoa e isso também com investimentos do BID. É preciso pensar o futuro com esta camada de inteligência artificial. Afinal, como apaixonado pela matemática, posso dizer que os números nos ajudam sempre a identificar soluções e uma cidade com quase um milhão de habitantes precisa destes investimentos em AI.

NORDESTE – O que esperar de ações urbanísticas para contribuir com a mobilidade urbana capaz de uso maior da sociedade do transporte público e as alternativas como ciclovias e até urbanização do Rio Jaguaribe?

Cícero Lucena – O programa João Pessoa Sustentável por si só já apresenta soluções importantes do ponto de vista urbanístico para toda aquela área. Teremos conjuntos habitacionais com energia solar e um espaço destinado a pequenos negócios que vão viabilizar em definitivo a manutenção dos equipamentos. É mudança de vida de verdade para aquelas pessoas, mas, além disso, temos vários projetos de urbanização como na Praia do Sol e tudo com recursos devidamente alocados. Sobre as ciclovias, penso que lamentavelmente as espalharam pela cidade de maneira desordenada e incorreta. Algumas estão desniveladas, outras são estreitas demais e acabam levando risco ao ciclista e ao condutor. Isso será revisto. Sobre mobilidade, nossa capacidade já foi mostrada quando em 14 dias resolvemos um incidente que poderia ter se tornado uma tragédia, como foi o caso do buraco na Pedro II.

NORDESTE – Quais os projetos e/ou ações da gestão capaz de aquecer economicamente o Centro Histórico da Capital e transformá-lo em referência habitacional e de novos negócios?

Cícero Lucena – Sabemos bem da importância do nosso Centro Histórico como símbolo da nossa identidade cultural e resgate das raízes do surgimento dessa espetacular cidade. O nosso trabalho para aquela região será realizado em conjunto com o Governo do Estado que, inclusive, está finalizando no próximo mês o período de recebimento de projetos para o local, através do ‘Concurso Ideias Inovadoras 2021 – Requalificação do Centro Histórico de João Pessoa’.

O Parque Tecnológico Horizontes da Inovação, que o Governo instalou lá no antigo Colégio Nossa Senhora das Neves, pretende inspirar e apoiar iniciativas de projetos inovadores de requalificação, com medidas de dinamização social, econômica, cultural e paisagística, integrando competências locais e vocações econômicas de impacto.

Da nossa parte, assim como fiz na minha administração anterior, fomos buscar parceiros para a revitalização.

Mais que incentivar o surgimento de startups, precisamos criar o ambiente para atrair investimentos para estes empreendedores.

NORDESTE – João Pessoa é uma das cidades com aeroclube próximo à orla marítima. Quando os srs vão conseguir planejar outra destinação ao local transferindo-o para local mais adequado distante dos prédios transformando num grande parque?

Cícero Lucena – Estamos finalizando os entendimentos com o Aeroclube para que aquele se torne mais um belíssimo cartão postal de João Pessoa. O Aeroclube do Bessa dará lugar a um parque com dimensões idênticas a do Hyde Park de Londres.

Parques urbanos são importantíssimos para trazer qualidade de vida para metrópoles. Nossa cidade está caminhando para 1 milhão de habitantes e a oferta de espaços de convivência e lazer são fundamentais para a população. Com certeza, o espaço onde está localizado o aeroclube será muito bem vindo, assim como os parques lineares já implantados pelo Governo do Estado, para devolver, de forma efetiva, o direito do pessoense viver em uma cidade verde.

NORDESTE – O que as futuras gerações, sobretudo os setores mais pobres, podem esperar de ensino de qualidade estruturado com inovação na edilidade?

Cícero Lucena – Acredito que o ensino público deve ser de excelência e não pode ficar a dever nada ao que é oferecido pelos principais centros educacionais do país, privado ou mesmo público. Costumo dizer que não está escrito em lugar nenhum que a escola pública deve ser pior que a privada. Pelo contrário! Precisamos e devemos ser ainda melhores. Hoje as escolas de João Pessoa utilizam a plataforma Google Sala de Aula que é adotada por alunos e professores de todo planeta. Há mais de uma década defendi que nossos estudantes tivessem tablets, hoje estamos transformando esse sonho em realidade. Quanto aos professores, todos estão recebendo os seus chromebooks, que são os computadores mais modernos e adequados para trabalhar na plataforma Google. Estamos encerrando anos de analfabetismo digital com uma carga decisiva de tecnologia em nossas escolas. Mas, para chegar a este ensino inovador, infelizmente somos obrigados a corrigir falhas que a gestão anterior nos deixou, pasmem, sem a garantia de merenda e fardamento para os nossos alunos. Além disso, mais da metade das nossas escolas estava com obras paralisadas ou não executadas. Foi um longo processo para destravar e somente agora em setembro estamos podendo iniciar os serviços na rede municipal.

Enquanto a infraestrutura predial está começando a ser recuperada, avançamos na preparação dos conteúdos, modelos de ensino e na capacitação da equipe. Temos a convicção de que, se Deus assim permitir, chegaremos ao objetivo de estar entre as melhores estruturas e qualidade de ensino do País nos próximos anos.

NORDESTE – Há uma área na capital paraibana denominada de Porto do Capim, onde a cidade nasceu e hoje com pendência de ocupação. Quando o cenário será resolvido e a cidade pode ter acesso ao primeiro ambiente onde tudo começou de forma impactante?

Cícero Lucena – A Secretaria de Planejamento cuida desse assunto com atenção especial. O projeto de urbanização está pronto e estamos dialogando com a população, MPF e demais órgãos de controle para chegar a um consenso que permita a todos terem acesso ao lugar em que nasceu nossa capital, sem trazer dano a ninguém. Temos a compreensão exata do tamanho do desafio, mas prevalecerá o consenso.

Acredito que chegaremos a uma solução muito em breve.

NORDESTE – Como o Sr. trata os diálogos externos para atrair capital novo e conhecimento humano visando dar novo rumo inovador à cidade?

Cícero Lucena – Mantemos diálogo permanente com os demais Estados, mas a grande verdade é que cuidando das pessoas e da cidade criamos o clima para atrair novos negócios. Atrair empresas, muitas vezes, começa pela qualidade da educação, de vida e pela Saúde. Afinal nem sempre uma política tributária competitiva é suficiente para atrair empresas. Costumo dizer em debates no setor de turismo que antes de nossa cidade ser destino dos turistas, ela deve ser agradável para aqueles que moram aqui. Nossa qualidade de vida é o maior bem de um povo.



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