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Já em João Pessoa, Cícero Lucena relata tensão de resgate em Israel e critica Itamaraty: “Deveria ter tido solidariedade”


18/06/2025

Foto: Anderson Costa / WSCOM

Wallyson Costa e Anderson Costa

De volta a João Pessoa, o prefeito Cícero Lucena (PP) concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (18) e relatou os momentos ‘dramáticos’ vividos durante a missão em Israel, interrompida devido à escalada do conflito com o Irã. Emocionado ao lado do filho, Mersinho, Cícero agradeceu a solidariedade recebida e revelou detalhes do resgate feito com apoio das embaixadas e articulação política no Congresso Nacional.

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“Estamos vivendo um momento muito especial. Não poderia ser diferente, se não começar a agradecer a Deus. A Deus, a todos aqui, àqueles que, nesse momento difícil, nos acolheram, nos deram energia para que a gente pudesse enfrentar esse momento”, iniciou o prefeito.

Lucena também agradeceu pelas orações e manifestações de apoio recebidas durante os dias em que esteve abrigado num bunker em Tel Aviv.

“Agradecer as mensagens, a solidariedade, as orações. Há centenas e milhares de pessoas que, na sua simplicidade, não tinham como ter acesso a mim, mas que, através das orações, nos portaram luz. Agradecer a todos os religiosos de todas as religiões que também fizeram correntes de orações.”

Durante o relato, o prefeito disse não compreender a lógica da guerra: “Você está em cima do imponderável. Eu, na minha formação, não entendo por que guerra. Acho que o diálogo, a discussão, devem prevalecer.”

Cícero compartilhou o clima de insegurança permanente: “A gente não dormia. Quando íamos começar a dormir, parecia que acertava na hora. Tivemos que fazer duplas: um acordava o outro com o toque do aplicativo ou o som da sirene.”

Objetivo da viagem e atrito com o Itamaraty

Cícero lamentou que a missão, que segundo ele buscava estreitar laços com instituições de segurança e universidades israelenses, tenha sido abortada devido ao agravamento da guerra: “Tivemos a oportunidade de ver tecnologias de segurança municipal, parcerias com universidades, mas poderíamos ter trazido muito mais informações. O evento foi encerrado em função da declaração de guerra.”

Questionado sobre alertas de risco emitidos previamente, ele respondeu: “Todos os prefeitos que estavam na comitiva já emitiram nota oficial. Havia uma missão com 25 autoridades, incluindo governadores e secretários. O Itamaraty disse que teria alertado, o que me estranha ainda é como autoridade internacional e você não ter conhecimento das autoridades brasileiras onde eles estão se deslocando e para fazer o quê? Qualquer país tem essa informação.”

“Antes de buscar culpados, deveriam ter tido gestos de solidariedade”, criticou.

Ele elogiou o trabalho da embaixada brasileira em Israel, da embaixada da Jordânia e do apoio de parlamentares como Hugo Motta, Mersinho Lucena, Dudu da Fonte e Lula da Fonte, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Cícero contou que o grupo se abrigava em um alojamento universitário próximo a Tel Aviv, com acesso a bunkers e a um aplicativo que alertava sobre bombardeios. “A qualquer momento, éramos chamados para descer ao subsolo. Não havia dia nem hora.”

O prefeito também relatou o planejamento de rotas de fuga por terra e até por mar, via Grécia, diante do fechamento do espaço aéreo e das fronteiras.

“Foi um momento de muita ansiedade, somado à expectativa de que o conflito se ampliasse com entrada de novas forças. A possibilidade de uso de armamentos mais pesados nos deixou desconfortáveis para continuar lá.”

“Graças a Deus, à solidariedade e a atos humanitários, conseguimos retornar. Não ocorreu nenhum incidente com nosso grupo. Mas é preciso lembrar que tudo poderia ter sido diferente se não fosse o esforço de tantos”, concluiu.



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