Futebol

Cheerleaders do Botafogo-PB se manifestam após suposta suspensão por reclamação de esposas de jogadores


29/04/2025

Anderson Costa



A professora de dança, Mirela Ferreira, coordenadora e coreografa do time de cheerleaders do Botafogo-PB, usou suas redes sociais para denunciar uma repressão sofria pelo novo projeto do clube. Por meio de nota publicada em seu perfil no Instagram, a profissional expressou seu sentimento de tristeza e frustração com a suspensão do time de animadoras de torcida do clube.

Em sua nota Mirela relata todo o objetivo de desenvolver um projeto artístico com dançarinas desde que decidiu assumir a responsabilidade de coordenar a equipe de cheerleaders do Belo. A coreografa falou sobre a experiência e a expectativa de que o projeto seja retomado.

Mirela também desabafou sobre todo o preconceito sofrido desde o anúncio de que o Belo passaria a ter um time de cheerleaders. “A objetificação nasce no olhar distorcido de quem insiste em reduzir nossa arte a estigmas ultrapassados. Revejam seus conceitos. A frustração é de vocês, não nossa. A nossa arte é libertária. Ela não nos prende, ela nos impulsiona.”.

A publicação da professora recebeu o apoio de diversos torcedores do clube que relataram a importância com a qual enxergam o projeto. Dentre as figuras que se pronunciaram em favor das cheerleaders do Belo está o influenciador digital e torcedor do Botafogo-PB, Swami Marques. Em sua fala, o humorista denunciou suposto preconceito de esposas dos jogadores do elenco profissional masculino de futebol do clube como a raiz da suspensão do time de animadoras de torcida.

“Amanhã as “mulheres dos jogadores” podem se separar por vários motivos, os próprios jogadores vão para outros clubes e uma decisão dessa acaba com um projeto fixo do clube, que foi criado com carinho e cuidado. Parabéns pelo trampo e voltem quanto antes!”, afirmou Swami.

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Leia abaixo a nota completa publicada por Mirella:

ELAS FAZEM O JOGO VIRAR!

Pra quem ainda não me conhece, eu sou Mirela Ferreira: professora, dançarina e alguém que respira arte desde que se entende por gente. Minha trajetória foi construída com muito estudo e dedicação. A arte me levou a lugares que eu nunca nem sonhei — como agora, sendo Coordenadora e Coreógrafa do primeiro time de Cheerleaders do Botafogo da Paraíba!

Quando recebi o convite, eu sabia exatamente onde estava entrando. Sabia dos riscos, dos desafios, dos comentários machistas e das tentativas de desqualificar o nosso trabalho. Mas nada disso me fez recuar. Pelo contrário: enxerguei ali mais uma oportunidade de fazer o que sempre fiz, trabalhar.

E eu fui lá e fiz. Mas não fiz sozinha: fiz ao lado de mulheres incríveis que acreditaram nesse projeto comigo. O que nasceu foi lindo. O fruto de muitos ensaios, repetições, entrega. Tudo regido pelo amor à dança — e agora também pela arte de animar!

Desde o começo, fiz questão de escolher DANÇARINAS. Mulheres que têm a dança como profissão, não só como passatempo. E elas deram um verdadeiro show: talento, carisma, profissionalismo e energia! Quem esteve presente sabe exatamente do que estou falando.

Hoje, meu agradecimento vai para as 12 profissionais que confiaram seu talento à minha direção. Vocês merecem respeito, reconhecimento e aplausos! Em todos os momentos, dentro e fora de campo, vocês foram profissionais!
Fizeram o que sabem fazer de melhor: dançar.

E pra quem veio falar em objetificação: saibam que quem objetifica não somos nós. A objetificação nasce no olhar distorcido de quem insiste em reduzir nossa arte a estigmas ultrapassados. Revejam seus conceitos. A frustração é de vocês, não nossa. A nossa arte é libertária. Ela não nos prende, ela nos impulsiona.

Espero de coração que esse projeto não termine aqui. Que seja o começo de uma revolução na forma como a dança e a presença feminina são vistas no futebol e além dele. Mas, se for o fim, saibam: nós já fizemos história. Agradeço também a todos que nos apoiaram, que enxergaram nossa potência e celebraram conosco esse momento, um momento onde mulheres ocupam espaços sem se curvar à masculinidade frágil.

A gente segue dançando!

Att,
Mirela Ferreira 



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