Educação

CCHLA da UFPB – 50 anos à serviço da liberdade de pensamento e da cidadania


30/08/2024

Éder Dantas



Desde o último dia 26 de agosto até hoje os auditórios, salas de aula e espaços de convivência do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA da Universidade Federal da Paraíba – UFPB estão sendo ocupados pela realização de um evento, o “CCHLA em Debate”, uma mostra científica e cultural, que este ano ocorre pela 12a vez e que tem como motivação principal a comemoração dos 50 anos de criação daquele centro de ensino.

A origem do Centro remonta à criação da Faculdade de Filosofia da Paraíba (FAFI), em 1952, localizada no centro de João Pessoa, passando depois a Instituto Central de Filosofia e Ciências Humanas (ICFCH), entre 1968 a 1973. Como CCHLA, surgiu em 1974.

Atualmente dirigido pelo historiador Rodrigo Freire, o centro reúne, mesmo após a criação do CCTA, um dos maiores Centros da UFPB com 13 cursos de graduação, destes dois na modalidade a distância (Letras e Letras LIBRAS); 13 cursos de pós-graduação; 10 Departamentos; 4753 discentes de graduação e pós-graduação; 304 docentes e 115 técnico-administrativos.

Ao longo deste meio século, o centro contribuiu e muito para o desenvolvimento da sociedade paraibana e brasileira, através da formação de milhares de profissionais de nível superior, realização de pesquisas científicas, projetos de extensão, políticas públicas e desenvolvimento de tecnologias (especialmente sociais), que contribuíram para transformar a realidade.

O CCHLA funciona como um verdadeiro pólo político, econômico e cultural, de impactos local e regional. Politicamente, de seus quadros, emergiram lideranças como o Deputado Federal Luiz Couto e a Deputada Estadual Cida Ramos, além do ex-secretário de educação da Paraíba, Neroaldo Pontes, coincidentemente, ex-diretores da instituição.

Quem por lá trabalhou ou estudou, como eu, guarda memórias afetivas importantes, pela influência que o seu ambiente acadêmico, político e cultural e a efervescência de sua vida cotidiana exerceu sobre nossas vidas. Como não lembrar das lanchonetes de Nanci e Dona Luzia, dos livreiros Neno e Domilson, da arte de Beto Quirino e de muitos dos seus servidores, que fizeram e fazem de lá a continuidade de suas casas, tal é a dedicação com que trabalham. A incrível Praça da Alegria foi e é palco de situações de convivência as mais diversas, como reuniões, assembleias e exposições acadêmicas e de arte. As aulas maravilhosas de gente como a historiadora Joana Neves. Seus jardins, funcionam como pontos de interação, meditação e realização de outras terapias alternativas.

Como parte da UFPB, o CCHLA precisa ser percebido como ferramenta importante da engrenagem de produção de ciência e tecnologia de nossa região e da promoção de um conhecimento crítico-social da realidade. Talvez essa seja a maior contribuição do centro à sociedade paraibana: estimular a produção de formas de pensamento contra-hegemônico. Movimentos pela anistia, Diretas Já!, por direitos dos trabalhadores (em especial, dos servidores públicos), movimento estudantil, sem-terras, LGBT”s, pela igualdade racial e outros tiveram no CCHLA a acolhida necessária para partir para a disputa da opinião pública.

Em todo o mundo, as humanidades são uma área acadêmica envolvida com a construção de uma sociedade mais inclusiva, plural e democrática. Em sociedades mais autoritárias, são um espaço de dissidências, de não acatar o “quero, mando e posso”, de dizer “não” a todas as formas de status quo e de pensamento único, que se imponham como vozes pretensamente consensuais. Essa é a vocação das faculdades de humanas. Esta é a tradição do CCHLA.

Que, nos próximos 50 anos, o CCHLA continue cumprindo com o seu papel de formar mão de obra qualificada, ciência e tecnologias para a Paraíba e o Nordeste, sem deixar de contribuir com o pensamento critico e a vida cidadã.

Viva a Universidade Pública! Viva a liberdade de pensamento! Parabéns a todos e todas que fizeram e fazem o CCHLA!


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