Internacional

Cardeais iniciam preparativos para funeral do Papa Francisco e transição na liderança da Igreja

Após morte do Papa aos 88 anos, líderes mundiais confirmam presença em Roma enquanto cardeais organizam cerimônia e se preparam para o conclave.


22/04/2025

Homenagens ao Papa Francisco (Foto: Hannah MacKay/Reuters)

Brasil 247



A morte do Papa Francisco, ocorrida na segunda-feira (22) em decorrência de um derrame seguido de parada cardíaca, levou a Igreja Católica Romana a iniciar imediatamente os tradicionais rituais de transição papal. Segundo noticiou a agência Reuters, os cardeais se reunirão nesta terça-feira no Vaticano para definir os detalhes do funeral e iniciar as tratativas para o conclave que escolherá o novo pontífice.

Francisco, de 88 anos, havia retornado recentemente de uma internação prolongada por pneumonia dupla. Parecia estar em recuperação e chegou a participar da celebração da Páscoa na Praça de São Pedro, há menos de um mês. Sua morte, no entanto, surpreendeu a cúria romana e os fiéis em todo o mundo, encerrando um pontificado marcado por enfrentamentos com setores conservadores e uma defesa incansável dos pobres e marginalizados.

“Queremos agradecer ao Senhor pelos dons que ele deu a toda a Igreja com o ministério apostólico do Papa Francisco, um peregrino da esperança”, afirmou na noite de segunda-feira o cardeal Mauro Gambetti, que conduziu as orações na Praça de São Pedro.

Durante os próximos dias, os cardeais que já se encontram em Roma devem tomar decisões sobre o funeral, que, segundo o Vaticano, deve ocorrer entre sexta-feira (25) e domingo (27). O corpo do papa será velado inicialmente na residência de Santa Marta, onde vivia desde 2013, e poderá ser transferido para a Basílica de São Pedro já na quarta-feira (24) para visitação dos fiéis.

A cerimônia de sepultamento, por desejo expresso no testamento de Francisco, ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, rompendo com a tradição dos papas anteriores sepultados na Basílica de São Pedro.

Entre os chefes de Estado que já confirmaram presença no funeral estão o presidente dos EUA, Donald Trump, com quem o papa teve embates públicos sobre temas como imigração, e o presidente brasieiro Luiz Inácio Lula da Silva.

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Com a cadeira de São Pedro agora vacante, inicia-se o processo que levará à eleição do novo líder da Igreja Católica. De acordo com as normas vaticanas, o conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice, o que projeta o início do processo para após o dia 6 de maio. Aproximadamente 135 cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto no conclave, e muitos deles são nomes pouco conhecidos fora de seus países.

Antes da votação, eles participarão das chamadas Congregações Gerais, encontros que têm como objetivo promover o conhecimento mútuo e traçar o perfil desejado para o novo papa. Ainda não há um favorito claro, mas especialistas observam que Francisco nomeou cerca de 80% dos cardeais eleitores, o que pode influenciar na escolha de alguém que siga a linha progressista iniciada por ele.

Ao longo de seu papado, Francisco enfrentou a resistência de setores conservadores, que criticaram sua postura acolhedora diante da comunidade LGBTQ e de migrantes, bem como suas reformas na estrutura administrativa da Cúria Romana e na luta contra os escândalos de abusos sexuais no clero.

Apesar de um início hesitante em relação a temas espinhosos, o pontífice argentino foi firme em seu compromisso com a transparência e a justiça dentro da Igreja. Ele procurou descentralizar o poder vaticano e dar mais voz às igrejas locais, particularmente na América Latina, na África e na Ásia.

Enquanto os ritos fúnebres se aproximam, a comunidade católica global se prepara para um momento decisivo. A sucessão de Francisco poderá indicar se a Igreja continuará trilhando o caminho das reformas ou se voltará a uma orientação mais conservadora.

A Santa Sé declarou luto oficial e abriu espaço para que autoridades e funcionários prestem suas homenagens ao papa em Santa Marta, local que escolheu como morada em sinal de humildade e proximidade com o povo. Seu estilo simples e sua firmeza pastoral marcaram uma era que agora se encerra, deixando para o mundo católico a missão de decidir os rumos de seu futuro imediato.



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