Política
CALVÁRIO: Ivan Burity foi delatado e apontado como recebedor de propinas relacionadas à educação e à saúde
Ex-assessor Leandro Nunes Azevêdo apontou o secretário como peça-chave em esquema de corrupção no Estado.
09/10/2019
A quinta fase da Operação Calvário deflagrada na manhã desta quarta-feira (9), que investiga desvios de recurso públicos da saúde, registrou a prisão do secretário executivo de Estado do Turismo, Ivan Burity. A investigação chegou até o gestor, após delação premiada realizada pelo ex-assessor da Secretaria de Administração do Estado, Leandro Nunes Azevêdo, que apontou Burity como recebedor de propinas, com influência em contratos das áreas de saúde e educação.
A prisão foi decretada pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), responsável pela Operação Calvário nos casos de investigados com foro por prerrogativa de função.
Os membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público da Paraíba (MPPB/Gaeco), identificaram no secretário como peça fundamental dentro da organização criminosa. Ele seria o responsável pela abertura e formulação de contratos fraudulentos com empresas prestadoras de serviço, que rendiam o pagamento de propinas à suposta organização criminosa. As informações foram divulgadas inicialmente no blog do jornalista Suetony Souto Maior.
Ainda de acordo com o MPPB/Gaeco, na educação, por exemplo, os contratos apontados no suposto esquema são relativos à aquisição de materiais didáticos pelo Governo do Estado da Paraíba. Estão envolvidas várias empresas, que teriam contribuído com o pagamento e recebimento de propina.
O secretário Ivan Burity também teria utilizado o hangar do Governo do Estado da Paraíba para transportar as supostas propinas identificadas nas investigações. Os atos teriam ocorrido na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).
“Segundo Leandro Nunes, houve dois transportes de valores de propina por meio de avião fretado, entre 2012 e 2014. No primeiro, IVAN BURITY teria trazido em torno de R$ 1.000.000,00 a João Pessoa-PB, de um local desconhecido. No segundo, a quantia supostamente trazida alcançou R$ 2.000.000,00. Nas duas ocasiões, IVAN BURITY haveria se utilizado do hangar do Governo do Estado para pousar aviões particulares fretados, sendo escoltado por LEANDRO NUNES…”, diz trecho do despacho do desembargador Ricardo Vital de Almeida.
Ainda segundo a delação do ex-assessor Leandro Nunes ainda narrou episódio acontecido no mês de junho de 2014. Ele teria realizado o transporte de R$ 1,2 milhão. Deste valor, cerca de R$ 300 mil teria sido destinado ao ex-deputado Rômulo Gouveia, já falecido, na época vice-governador do Estado.
Na Paraíba, os mandados de prisão emitidos pelo desembargador-relator Ricardo Vital de Almeida foram contra Ivan Burity de Almeida, secretário de turismo da Paraíba; e Eduardo Simões Coutinho, diretor administrativo do Hospital Geral de Mamanguape. Todos foram presos. Também foi preso Jardel Aderico da Silva, ex-secretário da Promoção da Paz no Estado de Alagoas.
OPERAÇÃO
A nova fase da Operação Calvário tem o objetivo de cumprir 28 mandados, sendo três de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão, em cinco estados. Nesta quarta-feira (9), a operação foi realizada pelo MPPB/Gaeco, em parceria com Controladoria-Geral da União, Ministério Público Federal, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A Operação Calvário visa desarticular uma organização criminosa suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos em contratos firmados com unidades de saúde e educação da Paraíba. A investigação identificou que a organização criminosa teve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em várias unidades da federação, no período entre julho de 2011 até dezembro de 2018.
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Por Redação
Portal WSCOM
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