Educação

Brasileiros se preparam para disputar mundial de matemática na Colômbia

Representação


01/07/2013

 Se o perfil, a habilidade em matemática e o prazer de ser desafiado e de competir são características em comum, o sotaque mostra as diferenças. Pelo menos na origem. Os seis estudantes brasileiros que vão participar da Olimpíada Internacional de Matemática (a sigla em inglês é IMO), na Colômbia, são de diferentes partes do país. O Ceará, estado com tradição em excelência em matemática, ficou de fora dessa vez. O Brasil será representado por Victor Reis, de 16 anos, de Pernambuco; Victor Bitarães, 18, de Minas Gerais; Alessandro Pacanowski, 17 anos e Franco Severo, 17, do Rio de Janeiro; e Rafael Miyazaki, 18, e Rodrigo Ângelo, 17, de São Paulo.

Os meninos estarão na Colômbia entre os dias 18 e 28 de julho. Antes, participam de um treinamento intensivo em São Paulo e Brasília. A competição reúne cerca de 600 estudantes do ensino médio de 100 países. Cada equipe é representada por até seis alunos e dois professores. Esta é a mais importante das olimpíadas do conhecimento por causa da tradição – ela é realizada desde 1959 – e pelo número de participantes que agrega.

O Brasil participa desde 1979, de lá para cá foram nove medalhas de ouro, 27 de prata, 65 de bronze e 26 menções honrosas. Três integrantes da equipe deste ano também disputaram a edição de 2011, que ocorreu na Argentina, quando o Brasil conquistou cinco prêmios (um ouro, uma prata e três bronzes) e ficou em 19º lugar na classificação geral, empatado com a Bulgária. O melhor desempenho brasileiro foi em 2001, nos Estados Unidos, quando o país ficou na 16ª posição.

“Temos uma equipe bem representativa e com experiência, o que faz a diferença, pois permite que os alunos estejam mais focados na prova e não fiquem inebriados pelo clima da viagem e pressão dos exames”, diz um dos líderes da equipe, Edmilson Motta, coordenador do Colégio Etapa. Os alunos que participaram da olimpíada do ano passado foram Franco, Rafael e Rodrigo.

Serão dois dias de provas, onde os concorrentes resolvem individualmente provas com três problemas cada. São 4h30 por dia. As questões envolvem disciplinas de álgebra, teoria dos números, combinatória e geometria.
Segundo Motta, o nível de dificuldade é muito alto, e exige treino, pois o conteúdo transcende o que é ensinado na educação básica. “Um bom aluno do ensino médio não entende nem o enunciado. Mesmo um pesquisador teria dificuldade em responder as questões.”

Os integrantes da equipe da IMO são selecionados entre os melhores alunos das etapas nacional e latino-americana da olimpíada de matemática. Os jovens ainda passam por um rigoroso processo com provas e listas de exercícios. Como apenas seis estudantes podem compor o time e o potencial deles é muito alto, excelentes participantes ficam de fora, de acordo com Motta.

‘Ouro 42’

Quem gabarita as provas da IMO ganha a medalha de ouro, neste caso, chamada de “ouro 42.” No ano passado, um competidor de Cingapura entregou uma prova perfeita e alcançou o feito raro.

Pelo Brasil, Rodrigo Ângelo também conquistou medalha de ouro, não o “42”, e sente agora a pressão de repetir o bom desempenho.

“Estou mais ansioso do que no ano passado, porque antes não tinha expectativa de ganhar prêmio, agora tenho”, afirma. Para ele, o treinamento que antecede a competição é importante para refrescar a memória e fixar conteúdos.

Alessandro e Victor Bitarães são estreantes na IMO, mas desde o ensino fundamental participam e vencem competições de matemática. A experiência ajuda a driblar o nervosismo. “Ouço música, levo comida e tento descontrair na hora da prova”, diz Alessandro. Victor aposta na própria competência e da equipe. “Capacidade eu tenho, mas o desempenho depende de inspiração também. Vou fazer o melhor que estiver ao meu alcance.”

Franco, medalha de bronze no ano passado, acha que o Brasil tem boas chances de bater recorde seu recorde de desempenho, ou seja, ficar entre os 15 melhores países do torneio. “No ano passado nas primeiras horas do primeiro dia de prova estava tremendo. Já estou ansioso, mas não dá para criar expectativa, é ir e fazer o melhor.”
Rafael, que também foi medalha de bronze no ano passado, diz que seu desempenho foi abaixo do esperado, e este ano quer se superar. “A prova é muito difícil, mas isso já é esperado.”

De Pernambuco, Victor Reis foi uma das surpresas da equipe. Há dois anos ele se dedica aos torneios estudando em casa. “Em geral não fico nervoso na hora das provas, e acho que este ano a equipe do Brasil tem tudo para se dar bem.”



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